Ajuda com pesquisas, os ciclos da IA, e novo paradigma tecnoeconômico – Hipsters: Fora de Controle #08
Introdução
Veja o 8º episódio do Hipsters: Fora de Controle, o podcast da Alura que mergulha no emocionante universo da Inteligência Artificial aplicada e revela os segredos desse novo mundo que estamos começando a desbravar!
Com o Paulo Silveira, nosso host fora de controle e também CEO da Alura, liderando a conversa eletrizante, você terá a oportunidade de se juntar a uma discussão imperdível. Ao lado dele, estarão Maísa Duarte, Head of Research and Development (R&D) | inovabra – Bradesco; Denis Balaguer, Líder de Inovação da Ernst & Young; Guilherme Silveira, CINO da Alura; e Sérgio Lopes, CTO da Alura.
No episódio desta semana, vamos explorar as incríveis facetas da Inteligência Artificial e seu impacto no mundo da pesquisa. Vamos desvendar como a IA pode ser uma poderosa aliada (ou um desafio) no entendimento de pesquisas científicas, mergulhando nos ciclos de interesse e avanço das IAs. Além disso, vamos encarar os desafios e oportunidades apresentados pelo novo paradigma tecnoeconômico que surge com essas tecnologias revolucionárias.
Prepare-se para ser envolvido por uma jornada única de descobertas e insights. Fique atualizado com as últimas tendências e mergulhe na transcrição completa deste episódio abaixo. Esteja pronto para expandir seus conhecimentos e se apaixonar pelo fascinante universo da Inteligência Artificial!
Ajuda com pesquisas, os ciclos da IA, e novo paradigma tecnoeconômico - Episódio 08
Paulo Silveira
Oi, você está ouvindo o Hipsters Fora de Controle, o podcast spin-off que finalmente se concentra em uma única tendência: a inteligência artificial e suas aplicações.
Olá, ouvinte! Estamos aqui em mais um episódio do Hipsters Fora de Controle, onde conversamos sobre inteligência artificial aplicada.
E hoje temos uma grande novidade para compartilhar com você. De 19 a 23 de junho, a Alura realizará a Imersão em Inteligência Artificial. Já sentiu a empolgação, né?
Você pode se inscrever gratuitamente para participar de cinco aulas, onde eu, Sérgio Lopes, CTO da Alura, e Guilherme Silveira, CIO da Alura, que frequentemente estão aqui no podcast, mostraremos como usar a inteligência artificial generativa, mesmo para aqueles que não são desenvolvedores.
Então, seja você um desenvolvedor ou não, aprenderá a utilizar e aproveitar essas ferramentas para automatizar o trabalho que você realiza atualmente, seja em vendas, marketing, ilustração, mídias sociais ou qualquer outra área. Apresentaremos a engenharia de prompt de maneira científica, integração e até um pouco do Zapier, para uma abordagem mais profissional no uso dessas ferramentas que você tanto ouve falar neste podcast.
Portanto, fica a dica para você se inscrever hoje mesmo. Aproveito também para mencionar que hoje estou acompanhado da Maisa Duarte, Head de Pesquisa e Desenvolvimento em Tecnologias Emergentes e Inteligência Artificial no Inovabra do Bradesco, e do Denis Balaguer, líder de inovação na Ernst & Young Brasil, que já participaram do Hipsters. São pessoas incríveis com quem troco ideias e me mentoram em diversos assuntos. Além disso, temos o Sérgio Lopes, CTO da Alura, e o Guilherme Silveira, CIO da Alura.
Nesta primeira parte, gostaria de saber quais ferramentas vocês estão usando atualmente, se têm algum truque ou algo muito interessante que já podem ser aplicados no dia a dia do trabalho. Denis, Maisa, se tiverem algo em mente, é um ótimo momento para compartilhar.
Denis Balaguer
Bacana. Maisa, você tem algo para compartilhar? Eu tenho algo especial para compartilhar desta semana.
Maisa Duarte
Cara, na verdade, fiz uma pequena lista com cinco perguntas que fiz à minha equipe.
Paulo Silveira
Melhor ainda, Maisa, trabalho bem feito, trabalho bem feito.
Maisa Duarte
Então, aqui, mérito deles, viu? O primeiro que me chamou mais atenção foi o Adobe Firefly. Ele gera e edita imagens com muita naturalidade. Nos testes que fizemos, percebemos que é possível adicionar ou remover elementos de uma imagem arrastando-os, e o programa completa a imagem como se tivesse apenas sido reduzida. Além disso, o ajuste de luz é bastante preciso, identificando a posição do sol e até adicionando-o quando necessário. Ficamos bastante impressionados com essa ferramenta.
Outra novidade interessante que encontramos foi o tradutor Speech-to-Speech Real-Time, da Meta. Embora não tenhamos testado ainda, achamos a proposta bastante interessante. A ideia é abordar os 20% das linguagens do mundo que ainda não são cobertas por outras ferramentas de tradução. Há muitas línguas que ainda não têm uma representação viável, e essa ferramenta busca preencher essa lacuna.
Outra ferramenta mencionada pela equipe foi a PromptBase, voltada para imagens. Trata-se de um marketplace para compra e venda de prompts de alta qualidade. A proposta é democratizar o acesso a esses prompts para aqueles que não sabem criá-los ou não têm ideia de como funcionam. É uma iniciativa interessante para ampliar a participação de diferentes pessoas nesse universo.
Também mencionaram a Personal Voice, que em breve estará disponível. Essa ferramenta de acessibilidade para iOS promete replicar a voz de um usuário com apenas 15 minutos de treinamento. Caso seja efetiva, será uma ótima solução para inclusão, especialmente para pessoas com dificuldades vocais.
Outra ferramenta que se destaca é o Magnifier, voltado para a parte visual. Ele é capaz de detectar elementos em imagens e fornecer tradução ou leitura em voz alta. Por exemplo, se você estiver em frente a um micro-ondas, apontando para o texto ou número, o Magnifier traduzirá e vocalizará as informações. Essa ferramenta é especialmente útil para pessoas com deficiência visual.
Esses são alguns pontos que minha equipe compartilhou comigo, após lerem e testarem essas ferramentas, principalmente as relacionadas a imagens.
Denis Balaguer
Muito interessante, há uma grande diversidade de assuntos aqui, o que mostra um pouco... Tem uma questão que podemos discutir na segunda parte, não é? Como a IA é o que chamamos de "general purpose technology", ou seja, uma tecnologia base que pode ser aplicada em diferentes áreas.
Eu, que não sou doutor em IA como a Maísa, nem tão envolvido tecnicamente como vocês, mexo menos com programação. No entanto, algo que gostei muito e tenho utilizado bastante desde o final da semana passada é um plugin do GPT chamado Scholar AI. Como tenho um lado mais acadêmico, estou preparando uma disciplina de pós-graduação que vou ministrar daqui a dois meses. Sempre gosto de trazer artigos mais recentes para promover discussões atuais no programa.
Anteriormente, fazíamos isso buscando por revistas acadêmicas e pesquisando em bases tradicionais. Agora, com o Scholar AI, é possível acessar o GPT, solicitar um assunto e pedir para ele trazer artigos, refinando a lista, por exemplo, com base no fator de impacto, para trazer os mais relevantes. Ele não apenas traz o link oficial do artigo, mas também, se houver uma versão "ungated" disponível no site da universidade ou do professor responsável, ele fornece o PDF correspondente.
Estou utilizando bastante essa ferramenta. Ela tem sido muito útil, Paulo, ajudou-me muito na busca por leituras complementares para a matéria que vou ministrar. Além disso, para aqueles que trabalham em áreas mais multidisciplinares, como eu, ela facilita a realização de pesquisas mais aprofundadas sobre temas adjacentes ao nosso tema principal. Por exemplo, posso solicitar "traga uma revisão bibliográfica com artigos recentes sobre o tema A" e, a partir disso, fazer perguntas e refinamentos.
Portanto, estou usando bastante e devo admitir que tem me poupado muito tempo de pesquisa bibliográfica.
Paulo Silveira
E é interessante, não é, Gui? Muitas vezes, quando você pede para citar algumas referências diretas do ChatGPT, ele menciona algumas que existem e outras que nunca foram criadas. Às vezes, o nome do autor do artigo é uma combinação do nome de um autor com o sobrenome de outro. É uma fantasia, um nível de alucinação elevado.
Sérgio Lopes
Essa semana não teve aquele caso do advogado que... A fofoca da semana, o advogado que fez um caso na corte, acho que americana, mencionando um monte de processos que, quando o juiz verificou, não existia um único processo que ele havia citado.
Denis Balaguer
A jurisprudência ali foi toda inventada pelo GPT.
Sérgio Lopes
E o cara tomou um piau público, assim, ele virou... Ele está sendo crucificado mundialmente por essa... pela ingenuidade.
Paulo Silveira
Ele está sendo crucificado mundialmente por algo que apenas 10% das pessoas ali no tribunal estão fazendo. Ainda bem que foi ele quem pegou o pessoal e falou "ufa, não fui eu exposto".
Denis Balaguer
Foi alguém, né? É.
Guilherme Silveira
Por isso, acho interessante quando usamos o termo "alucinação" no contexto da inteligência artificial, tentando humanizar ou antropomorfizar algo que é, na essência, artificial. A IA não é humana, isso está no próprio nome.
E quando falamos de "alucinação", não nos referimos à alucinação humana. Trata-se de criar uma falsidade, de escrever uma mentira, e as pessoas assumem que essas mentiras são verdades, sem verificar. Em alguns casos, como o exemplo da advogada que solicitou ajuda e escreveu o texto, ela assumiu que tudo o que foi gerado ali era verdade, talvez presumindo que o juiz ou a juíza não leria tudo detalhadamente, o que também é absurdo de se imaginar.
Portanto, acho que o uso do termo "alucinação", que geralmente é utilizado nesse contexto, acaba escondendo o fato de que a IA produz conteúdo não confiável. Ponto. Para confiar nesse conteúdo, é necessário ter supervisão humana.
Não se pode simplesmente pedir ao modelo de IA para gerar uma imagem e utilizá-la como propaganda na TV sem a supervisão humana. Da mesma forma, não se pode enviar um processo judicial sem a supervisão humana.
Maisa Duarte
Além desse cuidado, algo que estivemos discutindo durante esta semana, como vocês devem ter visto, foi a geração de uma sumarização do COPOM utilizando o GPT.
Qual foi o desafio nesse caso? Como vocês mencionaram, sempre será gerada uma resposta, mas talvez não seja a mais precisa. E então? O que observamos é que é necessário tratar com muito cuidado o prompt. Não adianta apenas o especialista em ciência da computação fazer o resumo da ata e pronto. Não, é preciso envolver o especialista em economia, alguém que já realize esse trabalho, para nos contar quais termos ele usa no dia a dia e como ele formularia a pergunta.
Portanto, não sei qual foi o erro cometido pela advogada durante esse processo, mas um dos pontos importantes é ensinar a linguagem para a inteligência artificial. Ela é genérica e irá gerar algum resultado. Portanto, uma abordagem importante é determinar o que colocar no prompt. É necessário o envolvimento de especialistas e compreender como eles se comportam nesse contexto.
Denis Balaguer
O que reforça também o caráter e a usabilidade do GPT, por exemplo, é a sua natureza iterativa. Você coloca um prompt, ele responde algo, e você pensa: "Hum, acho que ele entendeu isso aqui, preciso mudar a forma como fiz a pergunta". E então você continua fazendo iterações até chegar exatamente ao que estava buscando. Mas é importante lembrar que há um envolvimento humano nesse processo, o sistema é de malha aberta, não de malha fechada.
Guilherme Silveira
E isso que o Dênis mencionou é algo que eu aprecio bastante, porque no uso direto do GPT, menos programação, existe essa oportunidade de interação humana. O GPT é uma interação humana, uma conversa entre inteligência humana e inteligência artificial, que nós guiamos.
Assim como estamos conversando aqui, é provável que eu tenha dito algo que não era exatamente o que eu queria dizer, e vocês não questionam, dizem: "Nossa, eu estava errado", não era isso, e nós vamos nos direcionando. O problema surge quando colocamos isso na ferramenta.
Não é quando um advogado ou advogada usa o GPT para buscar referências, ele ou ela faz a pesquisa, vai e volta, etc. O perigo reside no momento em que alguém cria uma ferramenta, um gerador de referências para advogados, e não sei o que isso aqui é, que começa a funcionar automaticamente, sem a presença humana na maior parte do processo. Aí reside um grande risco.
O risco enfrentado pelo primeiro advogado ou advogada foi imprudente, muito, muito ruim, muito básico. Mas nas ferramentas que vão ocultar a interação humana, isso se tornará um perigo maior.
Maisa Duarte
Eu acredito que a interação humana nunca pode ser descartada. O ser humano é o melhor professor, o melhor guia. A inteligência artificial reflete a sociedade, e ainda temos muito a evoluir.
Quando olhamos para soluções como o GPT, entramos em uma discussão sobre o que é a criatividade. Será possível replicar um processo? Será possível fazer isso com a inteligência artificial? Mas aquilo que depende, e aqui podemos discutir o conceito exato de criatividade, aquilo que não pode ser replicado, depende do ser humano. Então, como podemos guiar a inteligência artificial para que ela se aproxime disso? Acho que é um ponto muito interessante.
Vejo que conseguimos trabalhar bem com a redundância estatística quando temos alta redundância. Mas, naquilo que ainda não temos essa redundância, ainda precisamos muito do ser humano, mesmo para tarefas repetitivas. No entanto, vejo um grande desafio para a inteligência artificial se aproximar verdadeiramente do que é a criatividade.
Denis Balaguer
Não apenas a criatividade, mas também a resolução de problemas em geral. Na semana passada, eu estava perturbando o Paulo, enviando várias coisas do meu mundo para ele. Ouvi um podcast, uma entrevista com um economista que admiro muito, o Tyler Cohen, da Universidade George Mason, onde eles discutiram os aspectos éticos e econômicos da inteligência artificial generativa.
Durante a discussão sobre o tema da convergência de valores, ele lembrou que na economia usamos muito a máxima de que não existe solução, apenas compensações. E essas compensações, no fundo, envolvem a mediação humana para nos aproximarmos do nosso objetivo agregado, que é o conjunto de agentes sociais e atores envolvidos. Portanto, a mediação humana é extremamente importante, não apenas no nível individual, como estamos falando de revisar os resultados antes de publicá-los, mas também quando consideramos as implicações econômicas e sociais da utilização da inteligência artificial.
Assim como em revoluções tecnológicas anteriores, saímos um pouco da ilusão de que haverá uma máquina mágica que resolverá tudo com o apertar de um botão. E pior ainda, talvez tenhamos a ilusão de que é possível codificar de forma positiva essa função objetivo de maximização social, mas isso não existe. Trata-se de uma compensação entre pessoas diferentes, que possuem visões de mundo e compreensões distintas sobre o que é positivo e o que não é.
Maisa Duarte
E sabe, Daniel, eu estava olhando esses dias uma apresentação nossa sobre a evolução da inteligência artificial ao longo do tempo. Lá no começo, começamos na filosofia e tudo mais, discutindo como poderíamos representar um cérebro. Chegamos até o ponto de desenvolver um modelo matemático de um neurônio. Na época, já nos questionávamos: será possível replicar isso?
No final das contas, percebemos que passamos por ciclos, em que estamos novamente nos perguntando o que estamos de fato replicando e o que não estamos. Antes, pensávamos que o neurônio matemático estava muito próximo do neurônio biológico, mas não está. E hoje? Estamos no momento de entender verdadeiramente qual é o impacto, o que é e o que não é criatividade, o que é e o que não é resolução de problemas. Ainda estamos descobrindo tudo isso, não é?
Acredito que vamos ter o mesmo sentimento que tínhamos lá no início. "Ah, entendi. É apenas essa parte aqui, mas olha, ainda há um mundo de coisas para resolver, não é?" Acho que os desafios nesse campo são muito maiores do que a simples resolução de problemas que temos hoje, sabe?
Denis Balaguer
Eu acho que isso tem implicações quando pensamos em regulação. A questão da regulação tem sido um tema muito discutido ultimamente. Quando falamos de governança, há um princípio importante: você não pode regular o que não entende, e estamos em terreno desconhecido. Talvez as perguntas nem estejam sendo formuladas corretamente, e na programação temos aquele conceito de "não coma as margaridas", onde você precisa especificar exatamente o que o código deve fazer. A regulação é semelhante a isso.
Um dos desafios da regulação é criar um arcabouço regulatório que se concentre mais em salvaguardas do que em regulamentação positiva. Isso pode, aquilo não pode. Fala-se muito em governança adaptativa, que é um dos modelos para criar um framework de governança. Acredita-se que a governança adaptativa seja a abordagem mais apropriada para lidar com essa mudança, ao mesmo tempo em que não tenta limitar prematuramente as possíveis trajetórias de desenvolvimento da tecnologia, pois ainda não temos uma compreensão clara das implicações e das arquiteturas possíveis.
Por outro lado, não podemos ignorar a possibilidade de catástrofes ou acidentes devido ao uso indevido de uma tecnologia que ainda não foi testada em determinados casos de uso. Acho que esse é o grande desafio da regulação que tenho observado, uma implicação direta do que eu estava dizendo. Ainda não compreendemos totalmente seus fundamentos, nem sabemos exatamente como isso se correlaciona com outras coisas com as quais estamos familiarizados.
Por natureza humana, buscamos analogias com o que já conhecemos e tentamos interpretar e filtrar o comportamento da tecnologia através dessa lente interpretativa.
Maisa Duarte
A gente já sabia, já visualizava que era necessário trabalhar com transparência e explicabilidade. No entanto, na minha opinião, achávamos que ainda tínhamos tempo. Mas agora não, não temos mais tempo. Estamos atrasados na forma como lidamos com esse tipo de questão, porque, do jeito que a tecnologia generativa chegou pronta para uso, nós também deveríamos estar prontos em termos regulatórios. Mas não estamos, e acho que ainda não sabemos realmente como lidar com isso.
Paulo Silveira
Vamos então para a segunda parte do podcast. Eu queria saber o que tem aí, o que vocês estão pensando em relação ao futuro do trabalho de vocês ou de outras pessoas com a inteligência artificial e com esses mecanismos generativos. Denis, queria que você abordasse o tópico que você mencionou lá no Zap Zap, para que possamos entender quais são as preocupações, os medos e as angústias que todos compartilham uns com os outros.
Denis Balaguer
Legal, Paulo.
Eu acho que já falei sobre isso e até comentei com você sobre um artigo que escrevi. A frase que tenho usado é a seguinte: o que vai prejudicar as empresas não é a inteligência artificial generativa, mas sim a irrelevância. Porque nunca é apenas a tecnologia sozinha, mas sim como a tecnologia afeta a maneira como uma empresa entrega seu propósito e sua proposta de valor.
O artigo que enviei é um editorial do Financial Times deste final de semana. O Financial Times é um jornal com mais de 150 anos de existência e é referência em jornalismo econômico no mundo. Eles afirmam que é uma revolução incrível, talvez a maior desde a internet ou até antes. Eles vão usar e experimentar essa tecnologia, mas o foco principal deles é fornecer informações verdadeiras, confiáveis, com qualidade, bem escritas e valorizando seus ilustradores.
Eles reposicionam sua proposta de valor como jornal, dizendo que vão usar essa alavanca poderosa, mas não vão abrir mão do que é essencial para eles, que é a entrega de informações de qualidade e um jornalismo de alta qualidade.
Paulo Silveira
Ô Denis, isso é um manifesto que o jornal está fazendo, dizendo que eles não vão automatizar o trabalho dos jornalistas ilustradores, ou é uma regra específica que estão estabelecendo para o uso da tecnologia?
É apenas uma ideia, porque muitas pessoas têm essa preocupação. É interessante colocar isso por escrito e divulgá-lo abertamente.
Mas como vamos saber se uma empresa que está realmente enfrentando ameaças em algumas posições de trabalho por meio de ferramentas que podem otimizar o trabalho está cumprindo essa promessa? Como podemos validar isso?
Denis Balaguer
O que o Financial Times colocou é um manifesto, mas que reflete o que eles vão executar efetivamente como empresa. Validar ou não validar, acho que nós, como sociedade, em alguns casos até mesmo o regulador econômico, quando aplicável, teremos que verificar isso.
No final do dia, as empresas terão que se reposicionar e repensar a forma como entregam valor nesse novo mundo da IA generativa. Também não é realista, na minha opinião, para a maioria das empresas dizerem "não, não vamos usar isso, não tem nada a ver conosco e não queremos usar de jeito nenhum". Acho muito difícil. Mas a grande discussão que tenho visto, e com a qual tenho conversado com várias empresas, é como usar essas novas possibilidades para reposicionar o que torna a empresa única.
Cada empresa é única por algum motivo, ela só existe porque é única, caso contrário, seria substituída por outras. Então esse é o grande desafio, pois não se trata apenas de uma mudança incremental. "Ah, vamos automatizar uma tarefa, diminuir o custo de algo", mas provavelmente é muito mais do que isso. Sempre faço a analogia de substituição, por exemplo, comparando o caso Blockbuster com a Netflix. A Blockbuster poderia ter melhorado o negócio de aluguel de DVDs em 10% ao ano, todos os anos, e ainda assim não teria se tornado a Netflix. São mercados diferentes, modelos de negócios diferentes, propostas de valor diferentes.
Portanto, é importante olhar para o que a tecnologia possibilita e repensar como entregamos nosso propósito. Por exemplo, uma empresa como a UI ou a Ernst & Young fornece aconselhamento ou análise de relatórios financeiros para outras empresas. Não se trata apenas de tornar o trabalho dos auditores mais rápido na análise de dados contábeis. É sobre encontrar maneiras diferentes de entregar asseguração aos clientes, sem necessariamente ter exatamente a mesma cadeia de entrega ou o mesmo processo, apenas automatizando e usando a IA generativa como uma solução rápida para um aspecto específico do processo.
Então esse é o desafio que as organizações enfrentam agora. Como elas podem abraçar a mudança econômica, o novo paradigma técnico-econômico, a mudança de regime tecnológico, sem abandonar sua essência, o que as torna únicas como empresas e a solução que oferecem. Acredito que o Financial Times, em seu editorial, tentou transmitir essa visão.
A gente continua sendo o Financial Times, continua entregando jornais de boa qualidade, mas vamos experimentar maneiras diferentes de fornecer esse valor, que no fundo é um benefício para os clientes, utilizando essa nova tecnologia. Para mim, esse é o grande desafio e é parte da discussão sobre estratégias das empresas com as quais tenho conversado.
E o ponto que mencionamos antes, de não remover o humano do processo, parece ser uma das maneiras pelas quais a maioria das empresas pode preservar a manutenção do propósito e da proposta de valor. Ontem estava discutindo com alguns colegas sobre a aplicação de IA generativa no atendimento, e tenho certeza de que muitas pessoas vão querer substituir o atendimento por um chatbot. Ok, isso pode funcionar, mas depende do que a sua empresa se propõe a entregar no mercado. Muitas vezes, é muito mais vantajoso manter um atendente, mas com o apoio de IA, fornecendo informações de melhor qualidade, cruzando dados diversos e trazendo agilidade. Dessa forma, você não perde a qualidade do atendimento, mas cria um modelo de diferenciação baseado em velocidade e na quantidade de problemas que podem ser resolvidos.
É interessante, pois, de todos os experimentos que vimos em andamento, nenhum deles tinha a intenção de substituir o atendente, mas sim de ser um "facilitador", um suporte para o atendente fornecer um atendimento melhor. Imagino que o caso da Maísa no banco seja um dos que passará por essa discussão rapidamente.
Maisa Duarte
É exatamente isso que estamos vivendo, Denis. Realizamos alguns aprendizados rápidos, por exemplo, na área de processos jurídicos e manifestações. E o que entendemos é que, ao usar essa tecnologia, conseguimos, sabe, pegando como exemplo as manifestações, o atendente consegue entender muito mais rápido qual é o problema que o cliente está enfrentando. Com isso, pode focar mais em entender por que algo deu errado e como evitar que isso ocorra novamente, em vez de gastar tempo lendo e procurando o histórico da manifestação.
Da mesma forma no âmbito jurídico, em vez do advogado ler vários processos e identificar similaridades entre eles para gerar um documento padrão, ele já tem um levantamento do que aconteceu e como criar um novo documento, podendo focar em especificidades e detalhes. Em vez de ler todos aqueles documentos, sabe? Portanto, ele ganha agilidade.
Assim, mesmo quando se trata da parte de execução, por exemplo, de consórcios, na parte informacional é mais tranquilo. No entanto, como faço para fechar um consórcio, por exemplo? Posso usar a IA generativa para tornar o diálogo mais fluído. Mas, por trás disso, é necessário ter outros mecanismos que façam a IA generativa seguir um diálogo no formato desejado. Para que todas as jornadas percorridas, a forma de atendimento e as recomendações ao cliente sejam previstas. Temos controle sobre isso.
Portanto, tudo o que estamos experimentando aqui tem como objetivo melhorar a vida do funcionário. Assim, também proporciona mais qualidade de vida para o funcionário ao mesmo tempo em que agiliza as respostas e recomendações para o cliente. Então, mesmo considerando o que desejamos alcançar no futuro em relação aos clientes, hoje estamos focando internamente no funcionário. Mas depois, ao olhar para o cliente, ainda temos a garantia do funcionário. É ele, o ser humano, quem direciona. Ou seja, acredito que a IA generativa vai melhorar a qualidade de vida dos funcionários. Certamente haverá mudanças em algumas posições, mas a qualidade de vida será aprimorada. O tempo gasto em processos repetitivos hoje será reduzido.
É mais ou menos nessa linha que vejo um grande potencial e, assim, jamais devemos retirar o ser humano do processo. Não faz sentido algum. Novamente, o ser humano é nosso melhor professor, nosso maior especialista. A IA atualmente está distante do que realmente é a inteligência humana.
Sérgio Lopes
Gente, mas será que não estamos pensando demais na empresa aqui? Porque acho que vocês estão dizendo: "Ah, empresas boas que têm uma boa missão, etc., vão continuar". Tudo bem, mas vejam só, a Blockbuster tinha 90 mil funcionários. A Netflix tem apenas 10 mil, entenderam? Oitenta mil pessoas se deram mal.
Então, okay, quando a Blockbuster acabou, o mercado de alguma forma absorveu essas pessoas. Agora, se tivermos 100 movimentos da Blockbuster para a Netflix nos próximos dois anos, estamos falando de milhões de pessoas que... Porque eu entendo, por exemplo, o que a Maísa disse, que vamos permitir que os funcionários melhorem sua qualidade de vida. Sim, aqueles que você não demitiu e aqueles que você demitiu porque... Aqueles que permaneceram, okay. Mas é o caso da Blockbuster. Os 11 mil funcionários da Netflix estão super felizes. Os 90 mil da Blockbuster, não.
Então, quando falamos sobre empresas que têm um propósito, uma vantagem competitiva, uma boa razão de existir, como o Financial Times, etc., eu concordo, mas será que não estamos correndo o risco de ter um futuro com muitas empresas bacanas, super enxutas, e apenas aqueles que estão lá dentro se dando bem, enquanto o resto do mundo, sei lá, fica de fora? O cara está na Blockbuster, paciência, né? Como vocês veem isso? Até mesmo em uma perspectiva mais ampla, entende? Não apenas olhando para empresas que encontraram seu propósito e estão aplicando corretamente, onde o ser humano ainda está no loop, mas de uma forma bem menos humana do que antes, entende?
Denis Balaguer
Essa é uma pergunta muito boa, Sérgio, e essa é uma discussão que acontece muito em economia da inovação. Eu não vou descartar de antemão, porque ninguém sabe o futuro, aliás eu odeio o termo futurista porque ele parte do princípio que é possível prever o futuro, é impossível prever o futuro, tá?
Mas se a gente for olhar o passado como analogia ou como referência, a gente viveu momentos como esse, você tem crises de ajuste que sim são críticas, são agudas, demandam algum nível de coordenação social e econômica, mas você nunca teve uma destruição estrutural de capacidade produtiva, muito pelo contrário.
Quando você olha da primeira Revolução Industrial, lá em meados do século XVIII, quando você tem a substituição da mão de obra, que estava essencialmente agrícola, 80 e poucos por cento da população trabalhava em agricultura, hoje é menos de 10, 5 por cento, essas pessoas não deixaram de trabalhar. Se você foi tendo um ajuste estrutural na economia, essas posições foram colocadas em outros lugares.
O caso de banco, para pegar um caso mais recente, mas a gente passou por isso, Primeira Revolução, Segunda Revolução, aí no meio do século XIX, com a eletrificação, mas se você pegar o caso de banco, que eu acho que é um caso super interessante, tem um paper que explora Quando surgiram os primeiros caixas eletrônicos, a grande discussão era a quantidade de desemprego que você provoca nas posições de atendimento de banco. Isso não aconteceu. O emprego agregado em banco aumentou apesar da proliferação dos caixas eletrônicos.
O fato é que a economia, isso aqui talvez puxando muito para o meu viés particular, eu sou da área de economia da inovação. O PIB per capita, e aqui novamente é um corte que a gente pode fazer em mensuração econômica, se a gente pegar o PIB per capita da humanidade, ele se manteve por volta de mil dólares, alguma coisa assim, desde os fenícios até meados do século 18.
Você tem um cotovelo que leva esse PIB per capita nas economias centrais, nas economias desenvolvidas, para 60, 70 mil dólares em 200 anos, em 200 e poucos anos. a humanidade lá do que era conhecido como a ratoeira malthusiana, em que você tinha o crescimento populacional contraposto ao crescimento econômico. E o que está por trás daquilo ali foi a revolução industrial, foi a introdução da inovação tecnológica como uma possibilidade de você avançar a fronteira econômica.
Então, quando você tem essa mudança estrutural na economia, na maneira como as empresas funcionam, baseada em uma tecnologia nova, sim, você tem, novamente, uma crise de ajuste em que será necessário um nível de coordenação. No entanto, essa mudança também amplia a fronteira econômica e a capacidade de criação de riqueza. Aqui, novamente, a riqueza é medida como riqueza material, embora haja outras coisas que poderíamos discutir, vou mencionar apenas o que conheço um pouco mais.
Portanto, posso estar sendo otimista, mas tenho a tendência de ver essa transição como algo que gera benefícios a médio ou longo prazo, do ponto de vista do crescimento econômico e da distribuição de riqueza. Essa tem sido a história dos últimos 150 anos. No entanto, isso não significa que será repetido no futuro. Ainda assim, acredito que temos todos os motivos para ser cautelosos, mas também para ficar otimistas em relação ao que está por vir.
Maisa Duarte
Falando um pouquinho do que vivemos aqui, quando começamos com a BIA, trouxemos pessoas da central.
Paulo Silveira
Mas só para lembrar, a BIA é a Inteligência Artificial do Bradesco, né?
Maisa Duarte
Isso, obrigada. É verdade, às vezes fica tão na mente que eu esqueço de entrar nos detalhes.
Bom, então, quando começamos, trouxemos algumas pessoas da central para ensinar a BIA a falar, sabe, são os especialistas. Houve essa recapacitação. E, na verdade, a central continuou com o mesmo número de atendentes naquela época. Não sei dizer como está hoje.
E o que acontece? Hoje, a equipe da BIA é ainda maior do que era antes. Isso é o que o Denis mencionou. Tivemos recapacitação e novos postos de trabalho. Como o Denis falou, não podemos garantir o que vai acontecer no futuro. No entanto, esse foi o comportamento que observamos em um caso que temos atualmente, com uma equipe imensa, e ainda precisamos de novas pessoas agora com a chegada da IA generativa.
O que estamos fazendo aqui é organizar capacitações com as equipes para ocuparem essas novas posições, já que todo mundo está descobrindo, ninguém está pronto ainda. Precisamos evoluir como um todo na organização, então é mais ou menos assim que estamos lidando com isso, abrindo novos postos, não menos.
Denis Balaguer
Tem uma frase do Benedict Evans que eu gosto muito. Ele fala que quando o Ford T foi lançado, todo mundo percebeu que o carro ia virar um bem de consumo de massa. O carro tinha sido barateado, mas ninguém conseguiu prever o Walmart. Porém, só existe Walmart porque o carro virou um bem de consumo de massa.
Então, essas consequências econômicas de segunda ordem, quando você cria uma tecnologia que possibilita novas funções e soluciona novos problemas, geram novas soluções e criam novas cadeias de valor. Com base no que vemos nos últimos 250 anos, isso tende a aumentar o tamanho da economia e proporcionar mais oportunidades econômicas.
Essa é um pouco da minha visão novamente, talvez um pouco otimista.
Guilherme Silveira
Eu acho que, sem querer jogar fogo na fogueira (nunca sei como é que fala esse ditado), talvez a preocupação não seja apenas em relação ao número de vagas. O que eu escuto bastante quando as pessoas vêm fazer entrevistas é: "Ah, mas todo mundo está com medo". Parece que há uma pesquisa da PwC que mostra que um terço das pessoas tem medo de que seus empregos sejam substituídos nos próximos três anos. Imagina se um terço das pessoas perder o emprego em três anos. Os governos quebram, né? Isso seria uma coisa sistêmica.
Quer dizer, com certeza o medo é desproporcional e isso acontece porque quem está vendendo a tecnologia a vende como uma salvadora da humanidade, que vai mudar completamente a humanidade de forma provavelmente desproporcional à realidade. Por outro lado, acho que parte da preocupação levantada pelo Sérgio faz sentido. Se João ou Maria, que antes trabalhavam no campo por 50 anos, tiverem seu trabalho no campo substituído por uma máquina, eles não terão tempo para se adaptar e aprender a usar essa máquina. Mesmo que haja o mesmo número de vagas disponíveis, essas pessoas ficarão desempregadas e sofrerão as consequências.
Então, acho que há outro aspecto a considerar. O funcionário ou a funcionária da Blockbuster, mesmo que haja o mesmo número de vagas na Netflix, provavelmente não conseguirá um emprego depois. Isso ocorre devido às vagas que a Netflix é capaz de abrir e gerenciar, pois exigem habilidades diferentes, como vocês mesmos comentaram. Estamos encontrando e utilizando habilidades diferentes que são necessárias para essa área.
Portanto, acho que há uma realidade de medo nessa questão. Será que somos capazes de aprender e nos adaptar a tempo, caso nossa vaga seja afetada? É um medo mais realista do que, por exemplo, um terço da humanidade perder o emprego, porque se um terço perde o emprego, isso não é apenas um terço da humanidade, mas um terço das pessoas empregadas. Seria um desastre sistêmico no mundo inteiro, com rebeliões e consequências inevitáveis. Acho que essa é uma preocupação válida.
Denis Balaguer
Não, essa é uma preocupação super importante. Existem dois componentes aqui que acho que vale a pena ressaltar, e você mencionou primeiro a questão da velocidade. Algumas pessoas tendem a pensar: "Ah, vai acontecer em um ano, dois anos", mas não é exatamente assim, ou pelo menos nunca foi assim. A transição mais rápida que tivemos na segunda revolução industrial levou 30 anos. Isso nos leva ao meu segundo ponto, que é a necessidade de mudar a maneira como as coisas funcionam. Existe um arrasto institucional para isso, uma inércia na forma como as cadeias produtivas estão organizadas e como a formação das pessoas é estruturada. Não é simplesmente tirar uma coisa e substituir por outra. Portanto, há um tempo de ajuste que é sempre um pouco mais longo. Isso permite que, quando possível, ocorra uma mudança de habilidades técnicas, se aplicável. Não faz sentido, por exemplo, que alguém que trabalha como atendente de caixa em um banco se torne um cientista da computação. Não é isso que estamos dizendo.
No entanto, com o avanço da fronteira econômica e o crescimento econômico, novas possibilidades de emprego surgirão com qualificações transferíveis ou semelhantes às que a pessoa já possui. Não é uma mudança completa, como um motorista de táxi que perderá o emprego porque os carros se tornarão automatizados e se tornará um engenheiro de software. Alguns farão essa transição, felizmente, temos muitas pessoas talentosas. Aliás, o que acho é que muitas vezes temos medo de as máquinas substituírem o trabalho das pessoas, mas o problema é que atualmente temos pessoas desempenhando o trabalho das máquinas. Com isso, desperdiçamos um talento humano valioso que poderia ser aplicado em outros lugares. No entanto, com certeza, isso não é a maioria, não é a grande maioria dos casos.
Eu acho que a combinação de duas coisas é importante. Por um lado, as pessoas conseguem se capacitar em áreas como pesquisa, engenharia ou artes, se tiverem essa possibilidade e aptidão. Por outro lado, com o avanço da economia e a criação de novas oportunidades econômicas, há muitas possibilidades de realocação lateral, sem uma mudança radical no perfil de habilidades e competências.
Guilherme Silveira
Muito interessante o que você comentou sobre os seres humanos fazendo o trabalho de máquinas. Existem duas coisas que eu ouço, às vezes, o Sam Altman mencionar, às vezes de forma explícita, às vezes de forma implícita.
Primeiro, o que entendo que ele está fazendo é produtivizar a inteligência. Isso está relacionado àquela ideia que vocês mencionaram, de que a inteligência artificial serve como assistente, como suporte à inteligência humana. Estamos transformando a inteligência em um produto, ou seja, tornando-a mais acessível. E quando ela se torna mais acessível, surge sempre a questão do que podemos substituir primeiro no trabalho humano por meio de uma nova ferramenta. E se o objetivo é tornar mais acessível, afinal, a função da OpenAI é ganhar dinheiro, ela precisa vender seu produto para pessoas e empresas. Ela aumenta a produtividade dessas pessoas e empresas ao oferecer um serviço mais barato, uma ferramenta mais econômica. E parece que eles estão de fato retirando esse trabalho mecânico dos seres humanos.
Quando trabalhamos na área de educação, podemos perceber isso, não é mesmo? Educamos por dois motivos. Primeiro, para que as pessoas possam explorar problemas, encontrar soluções e desenvolver criatividade, habilidades diversas para lidar com diferentes situações. Segundo, para desempenhar tarefas repetitivas, capazes de repetir um processo um milhão de vezes. Porque sabemos que nossos trabalhos, no final das contas, são basicamente iguais todos os dias. Mesmo que digamos "não, meu dia é sempre diferente", no final, tudo se repete. É um processo que repetimos cem vezes, talvez não na segunda e na terça-feira, mas é muito repetitivo.
Esse trabalho mecânico, como aquele retratado por Charlie Chaplin apertando parafusos, é o trabalho que está sendo substituído. E é claro que não queremos que as pessoas fiquem apertando parafusos o dia todo e a noite toda. Gostaríamos de substituir isso, mas surgem todos esses dilemas. À medida que substituímos, aumentamos a produtividade e criamos empresas mais enxutas, como o Sérgio mencionou, surgem todos os medos, preocupações e problemas, como a questão do Uber, dos carros automáticos e assim por diante.
Portanto, acredito que está muito relacionado a essas duas questões que o Sam levanta, a “produtivização” da inteligência e o aumento da produtividade.
Denis Balaguer
Ótimo ponto! Acredito que seja uma mensagem extremamente importante sobre a necessidade de redefinir o papel humano na sociedade diante dessas novas possibilidades tecnológicas que estamos trazendo.
Paulo Silveira
Gostaria de agradecer a Maísa e o Denis pela participação, assim como o Gui e o Sérgio. Vocês estavam realmente preparados, parabéns! Agradeço muito a presença de vocês. O Guilherme estava animado nos bastidores, dizendo: "Nossos convidados são muito bons, não é mesmo?". Então, queria expressar minha gratidão e também convidá-los para participarem do próximo episódio.
Além disso, gostaria de lembrar que o evento Imersão Inteligência Artificial acontecerá no dia 19 de junho. Convide seus amigos que nunca usaram o GPT ou que o utilizam de forma básica e não sabem como tirar proveito dessas ferramentas. Acredito que, como o professor Scott Galloway menciona, seu emprego provavelmente não será substituído pela inteligência artificial, mas haverá profissionais que utilizarão ferramentas como essa e outras que estão por vir de maneira mais avançada. Portanto, para se tornar um profissional melhor, é importante que você incorpore essa tecnologia em sua carreira.
Durante a Imersão em IA, faremos uma exploração mais aprofundada dessas ferramentas generativas e também anunciaremos muitas novidades da Alura. Estamos reformulando e lançando novos produtos internos que surpreenderão os alunos e alunas. Durante o evento, mostraremos muitas coisas interessantes. Estou ansioso para encontrá-los na Imersão e nos veremos no próximo episódio. Hipsters, abraços. Tchau.
Este podcast foi produzido pela Alura, mergulhe em tecnologia.
E Faculdade FIAP, Let’s Rock the Future.
Edição Rede Gigahertz de Podcasts.