Olá, eu sou a Alessandra Becker e este é o curso sobre Segurança Psicológica.
Audiodescrição: Alessandra se declara uma mulher branca, de cabelo com raiz na cor castanha e pontas descoloridas. Ela veste uma blusa azul e usa uma corrente dourada e óculos arredondados de armação preta. Ao fundo, do lado esquerdo, tem um quadro em 3D com escultura de flores e, do lado direito, há uma esante com itens de decoração, como livros, plantas e quadros. Tudo está iluminado por uma luz LED lilás.
Gostaria de começar destacando o que não será abordado. Este não é um curso de autoajuda, nem baseado em opiniões. Portanto, é um curso com embasamento científico.
Nosso objetivo é explorar o tema da segurança psicológica com um embasamento teórico consistente e validações, inclusive no Brasil. Vamos nos basear nas referências da Doutora Amy Edmondson e do Doutor Timothy Clark, trazendo conceitos sobre o que é segurança psicológica.
Adiantamos que se trata de um ambiente onde podemos correr riscos interpessoais. Aprenderemos a identificar esses ambientes seguros para expor nossas ideias, admitir que não sabemos sobre algo, questionar e expressar nossas preocupações.
Também discutiremos comportamentos e práticas que fortalecem a confiança. Exploraremos as zonas em uma matriz de segurança psicológica, onde transitamos de apatia, conforto e ansiedade para a zona de aprendizagem.
Analisaremos como identificar se estamos em um ambiente que pune nossa vulnerabilidade, tornando-o inseguro, ou em um ambiente que valoriza nossa vulnerabilidade, tornando-o psicologicamente seguro para sermos quem realmente somos.
Exploraremos os estágios da segurança psicológica, o que oferecemos e o que recebemos em troca quando o espaço permite que sejamos nós mesmos em nossa totalidade. Discutiremos como lidar com resistências a mudanças nesse novo convite para sermos diferentes. Como podemos ser agentes de mudança na construção de um espaço mais seguro para nosso crescimento?
Quais são os ingredientes dos times de melhor desempenho? Um spoiler: segurança psicológica é o primeiro ingrediente desses times que têm melhor performance.
Falaremos sobre práticas para construir espaços psicologicamente seguros, que incluem comunicação proativa, feedback positivo e práticas apreciativas para a construção de ambientes que promovem melhores pensamentos.
Tudo isso e muito mais será explorado com exemplos, dicas e orientações sobre como continuar aprendendo.
Vamos juntos.
Desejo que seja uma ótima jornada.
Já ouviram falar em segurança psicológica? Na aula de hoje, teremos uma introdução ao conceito de segurança psicológica e discutiremos a importância desse tema para as pessoas colaboradoras.
A segurança psicológica é a crença compartilhada de que o ambiente de trabalho é seguro para podermos correr riscos interpessoais. Isso significa que podemos falar sem medo de constrangimento e perguntar quando não sabemos a resposta.
Segurança psicológica: A segurança psicológica é a crença compartilhada de que o ambiente de trabalho é seguro para que possamos correr riscos interpessoais.
A segurança psicológica permite que as pessoas mostrem sua humanidade, sabendo que não receberá punições, ou humilhações, ao compartilhar ideias ou fazer perguntas. Mesmo que às vezes pensemos que seja uma pergunta boba para fazer, porque ninguém está perguntando, temos coragem para fazê-la. Podemos apresentar nossas preocupações e nossos erros para podermos aprendermos a partir deles, sabendo que não receberemos punição.
Quem apresentou esse conceito foi a professora Amy Edmondson, de Harvard, que tem pesquisado sobre o efeito da segurança psicológica, e sobre a ausência desse espaço seguro, no desempenho e na eficácia das equipes. Esse trabalho é realizado desde 1999. Ela traduziu esse conceito em um livro chamado "A Organização Sem Medo", que exploraremos um pouco a seguir.
Em um ambiente seguro, as pessoas colegas de trabalho confiam umas nas outras. Já pararam para pensar quantas vezes se perguntou mentalmente o quanto é seguro confiar em uma pessoa que trabalha com você? Existe confiança em um espaço seguro, e o medo, que talvez iniba o aprendizado e a cooperação, não existe.
Em um ambiente seguro, minimizamos o medo e conseguimos trabalhar com a questão da vulnerabilidade, podendo ser quem realmente somos. O medo prejudica nosso pensamento analítico, inibe nossa criatividade e a capacidade de resolução de problemas.
À medida que não confiamos e temos medo de represálias ou constrangimento, não conseguimos co-criar, trabalhando colaborativamente para acessar a inteligência coletiva para trazer soluções mais inovadoras e aprendizado. O trabalho em equipe funciona muito melhor quando temos um ambiente seguro, onde as pessoas confiam umas nas outras e podem falar abertamente sobre suas dúvidas e angústias.
É isso que queremos ajudar a construir ao longo desta trilha. As pessoas poderão correr riscos interpessoais, sabendo que podem se expor sem serem ridicularizadas.
As pessoas se sentirão à vontade para compartilhar suas preocupações, apontar possíveis problemas e reportar erros. Quando algo sai do planejado, é seguro falar sobre esses erros para que outros times não cometam os mesmos erros e para podermos aprender a fazer diferente.
As pessoas confiam em quem trabalha com elas e podem fazer perguntas quando não têm certeza sobre algo. Sabe quando, no final de uma reunião, alguém pergunta se há dúvidas ou questionamentos? E existe aquele silêncio no ambiente. Nem sempre é porque as pessoas não têm dúvidas, mas porque não é um espaço seguro para trazer suas inquietações.
Em um ambiente com segurança psicológica:
- As pessoas se sentem dispostas e capazes de aceitar os riscos interpessoais.
- As pessoas se sentem à vontade para compartilhar preocupações e reportar erros.
- As pessoas tendem a confiar nos seus colegas.
- As pessoas podem fazer perguntas quando não têm certeza de algo.
- As pessoas se sentem livres para contribuir com ideias.
Quando temos esse espaço seguro, nos sentimos mais livres para contribuir com nossas ideias. Além de fazer perguntas, podemos acrescentar o que pensamos sobre determinado assunto, sabendo que é seguro. Mesmo que a sugestão não seja executada, podemos propor, pois ela será considerada produtivamente.
A pergunta que surge, pautada nos estudos da professora Amy, é: e se tivéssemos menos medo? O que seria diferente no ambiente de trabalho, na relação com os pares, líderes e outros times? Expandindo isso para toda a organização.
A Doutora Amy também traz alguns motivadores para a segurança psicológica, que contribuem para criarmos um ambiente mais seguro para o time. Para isso, ela cita alguns marcadores de motivação que, conheceremos agora.
O primeiro é a vontade de ajudar e trabalhar em equipe. É importante buscar um combinado quando trabalhamos em grupo e queremos acessar a inteligência coletiva, oferecendo o que temos para dar e pedindo o que precisamos. Muitas vezes, isso não acontece. Reflitam se em todos os ambientes em que precisaram pedir algo, foi possível e seguro fazer esse pedido.
A inclusão e diversidade também são marcadores, porque ajudam a criar um espaço seguro, onde podemos nos sentir seguros para pertencer ao time. Falamos também sobre a atitude em relação ao risco e ao fracasso. É seguro correr riscos? Podemos lidar com o fracasso de forma acolhedora?
Exploraremos como, às vezes, estigmatizamos uma falha. O fracasso é uma tentativa de progresso. Em um ambiente seguro, podemos lidar de forma distinta com essa relação com ambientes em que corremos riscos. Quando nos arriscamos, queremos inovar e fazer diferente, arriscamos fracassar, pois não inovamos de primeira. Desenvolvemos novos projetos ao longo de várias tentativas.
A conversa aberta também é essencial e acessível a todos. Entender como, no ambiente de trabalho, conseguimos ter conversas abertas, sinceras, com escuta ativa, boa resposta e curiosidade.
Marcadores essenciais para ambientes psicologicamente seguros:
- Vontade de ajudar e trabalho em equipe;
- Inclusão e diversidade;
- Atitude em relação ao risco e ao fracasso;
- Conversa aberta.
É possível medir a segurança psicológica em um time. Existem pesquisas estruturadas pela Doutora Edmondson que medem isso, e compartilharemos uma forma de aferir, para poderem refletir sobre o quão seguro é o espaço de atuação de cada um.
Algumas perguntas para reflexão e métrica são:
Esses são cinco pontos para avaliar o quão seguro é o ambiente no time. As para cada pergunta, podemos usar uma escala de 1 a 5 para pontuar a segurança psicológica na organização ou time, onde 1 representa "discordo totalmente" e 5 representa concordo totalmente. Posteriormente passaremos uma forma de validar esse resultado. A ideia é parar e refletir sobre essas questões.
Começaremos a encerrar nossa introdução à segurança psicológica e sua importância. Aprendemos que a segurança psicológica é a crença compartilhada de que é seguro correr riscos interpessoais, mas também precisamos olhar para o que não é segurança psicológica.
Segurança psicológica não significa:
A Doutora Amy destaca que segurança psicológica não tem relação com personalidades extrovertida ou introvertidas, assim como não é sinônimo de confiança. Apesar da confiança estabelecida entre duas pessoas ser importante, a segurança psicológica é percebida no time.
Uma das maiores inquietações na proposta de um ambiente com segurança psicológica é relacionada a responsabilização. Segurança psicológica não significa que estamos imunes às consequências.
Ainda assim, em um espaço seguro, podemos contribuir, ser quem somos, aprender e caminhar para uma zona de aprendizagem. Lembrem-se desses pontos para distinguirmos claramente o que compõe um espaço psicologicamente seguro.
Quais são os resultados visíveis de um ambiente psicologicamente seguro?
A segurança psicológica é essencial para que possamos nos comunicar melhor, colaborar, experimentar e, assim, assegurar o bem-estar das equipes.
Este é um tema essencial nos dias de hoje, em que trabalhamos em rede, onde um afeta o outro, e podemos co-criar e trabalhar para a inovação de forma coletiva, acessando nossa inteligência coletiva de forma segura. A segurança psicológica permite que possamos focar em alcançar objetivos comuns, em vez de apenas nos autoproteger.
Muita energia é gasta no ambiente de trabalho, no dia a dia, gerenciando a impressão que os outros têm de nós, em vez de focar em entregar o nosso melhor, aprender, contribuir e desafiar a forma como as coisas sempre foram feitas.
Em um espaço seguro, as pessoas são capazes de falar abertamente, oferecer ideias, trazer seus erros e trabalhar a partir deles. Isso é o que chamamos de "comportamento de aprendizado". Quando não escondemos o que deu errado, damos a chance de aprender a partir de um erro e criar novas formas para que aquilo não aconteça novamente.
Um ambiente de trabalho seguro ajuda as pessoas a superarem a falta de confiança que eventualmente exista.
Se o ambiente permite que possamos correr riscos e nos expor, mesmo que não confiemos em um indivíduo, sabemos que o espaço permite trazer dúvidas, angústias, preocupações, criticar a forma como as coisas são feitas e contribuir com ideias.
Quando temos um espaço seguro, trabalhamos de forma muito mais comprometida. Comprometimento significa disposição em colocar mais esforço voluntário no trabalho. Acreditamos que é seguro contribuir, e, de forma voluntária, colocamos mais energia para que as coisas aconteçam.
Em um ambiente de trabalho seguro, o time trabalha de forma mais evoluída. Existe uma evolução do trabalho em equipe, começando com um aglomerado de pessoas que ainda não estão conectadas e que têm um comportamento de bando, cada um por si. Evoluímos para uma estrutura mais organizada, funcionando a partir de comitês, com regras mais rígidas. No passo seguinte, passamos a funcionar como equipe, percebendo a evolução das pessoas trabalhando juntas.
Iniciativas globais incentivam o compartilhamento de erros e aprendizados. Quando algo dá errado, podemos parar e perguntar: "O que posso fazer para que isso não aconteça de novo? Como posso apoiar se isso acontecer?" Em vez de buscar culpados, perguntamos o que podemos fazer na próxima vez para evitar o erro.
Em um espaço seguro, estimulamos a autenticidade, permitindo que as pessoas sejam quem realmente são. Isso resulta em uma evolução dos resultados da organização de forma ampla.
A comunicação efetiva em um espaço seguro permite compartilhar objetivos, alinhar acordos e refletir nos resultados da organização. Colaboradores se sentem mais seguros e vão além de suas responsabilidades, buscando novas formas de desempenhar seu papel de forma mais eficaz.
Resultados visíveis
- Evolução do trabalho em equipe.
- Fomento ao compartilhamento de erros, aprendizados e inovações.
- Encorajamento da autenticidade dos colaboradores.
- Evolução dos resultados da organização de forma ampla.
- Colaboradores que se sentem psicologicamente seguros vão além de suas responsabilidades e buscam formas de desempenhar seu papel de maneira mais eficaz.
Uma publicação recente destaca que a segurança psicológica busca eliminar ou reduzir o medo interpessoal nas equipes:
"A segurança psicológica - acabar, ou pelo menos reduzir, o medo interpessoal nas equipes e aumentar a franqueza - tornou-se mantra para muitos executivos que buscam uma vantagem sobre os concorrentes em inovação, desempenho e atração e retenção de pessoal."
(Valor Econômico | Carreira: Saiba o que realmente está por trás da segurança psicológica 21/02/2023)
Ao reduzir o medo, aumentamos a franqueza, permitindo que sejamos autênticos. Isso se tornou um mantra para muitos executivos que buscam vantagem sobre concorrentes.
A prevenção de erros é uma maneira pela qual a segurança psicológica melhora o desempenho. Em um espaço seguro, podemos apontar problemas em projetos e dar feedback sincero sobre o que funciona e o que não funciona.
A segurança psicológica é um facilitador chave para fomentar a inclusão e o pertencimento.
- 27% menos rotatividade
- 76% mais engajamento
- 50% mais produtividade
- 74% menos estresse
- 29% mais satisfação
- 57% mais dispostos a colaborar
- 26% mais preparados e habilitados
- 26% mais probabilidade de aplicar habilidade recém aprendida
Esses dados reafirmam a importância de construir um espaço seguro. Pense em nós como time, como colegas, e o quanto isso faz sentido na rotina.
Olhe para experiências anteriores e perceba se os espaços eram seguros, se havia mais ou menos medo. Se tivéssemos menos medo, o que seria diferente? Estaríamos mais dispostos a contribuir e nos sentir pertencentes? Análises provam que existem vários benefícios em espaços psicologicamente seguros.
Continuaremos no próximo vídeo!
O curso Segurança Psicológica: promova um ambiente de trabalho seguro e colaborativo possui 132 minutos de vídeos, em um total de 43 atividades. Gostou? Conheça nossos outros cursos de Ensino e Aprendizagem em Inovação & Gestão, ou leia nossos artigos de Inovação & Gestão.
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