Boas vindas!
Sou o instrutor e designer gráfico Felipe Labouriau, e este é o curso de Gestalt.
Em nossas aulas, conheceremos esta teoria de percepção e veremos como nosso cérebro interpreta as diferentes formas ao nosso redor. A partir disso, extrairemos leis que facilitarão a criação de materiais gráficos visualmente interessantes.
Entraremos no processo criativo de um logotipo para um restaurante indiano; veremos como será feito este material, quais pensamentos embasam a criação tendo em mente os princípios da Gestalt até gerarmos um resultado satisfatório e refinado, tendo relações diretas com o universo no qual se insere.
Após a escolha de formas, cores e tipografia, daremos vida à logo passando-a do Adobe Illustrator para uma padronagem que será aplicada em diversos suportes, analisando a lógica tida como base.
Com isso, faremos com que os materiais visualmente interessantes cumpram seu papel comunicativo com eficácia.
Nossas aulas possuirão uma maior carga teórica em relação à prática, pois nosso foco é a reflexão sobre decisões a partir do que será aprendido com os conceitos Gestalt.
Este curso é direcionado para quem possui certa prática em design gráfico mas quer refinar o trabalho e tomar decisões mais assertivas quanto ao resultado final, conferindo maior segurança no momento da apresentação.
Vamos lá!
Durante nosso curso, trabalharemos a Gestalt, a qual é uma escola da psicologia que trata da percepção da forma, ou seja, a maneira com a qual nosso cérebro interpreta o mundo.
Diferente do que imaginamos, não há uma lógica clara; nosso cérebro prega algumas peças que nos fazem perceber as formas de um jeito não tão óbvio muitas vezes.
Neste primeiro exemplo, não vemos as manchas separadamente e sim um cachorro.
Conheceremos as propriedades da percepção que nos fazem interpretar o mundo da maneira como o fazemos, e depois as leis que derivam dessas mesmas propriedades, as quais ajudam bastante os profissionais da comunicação visual a criar materiais visualmente interessantes e que cumprem seus objetivos, sendo interpretados com maior facilidade.
Em seguida, entraremos no processo criativo de um logotipo para um restaurante indiano, observando as reflexões e geração de alternativas até tomarmos uma decisão. Veremos como a Gestalt está presente em nosso raciocínio, afinal esta teoria fala da boa forma.
Conforme as etapas passam, iremos refinar e gerar exercícios até chegarmos em um resultado final que seja versátil e comunicativo.
Depois, passaremos para a colorização e escolha de tipografia para que o símbolo esteja bem inserido no universo ao qual pertence. Afinal, se estamos tratando de um restaurante indiano, teremos que decidir quais cores fazem parte da culinária em questão.
Daremos vida ao logotipo realizando simulações para criar a identidade visual do material. Geraremos padronagens e exporemos os porquês de uma ou outra ter sido escolhida para dar andamento.
Estando esta ambientação bem definida, partiremos para as reflexões por trás das aplicações em suportes diversos e conheceremos alternativas pensadas para os resultados finais de avental, sacolas e menu.
Por fim, conheceremos os princípios da Gestalt mais comuns atualmente, com exemplos de outras marcas que refinaram suas logos para dar nova roupagem ao material e assim seguirem as tendências. Também veremos alguns caminhos que facilitam o workflow dentro do Adobe Illustrator para podermos nos valer da teoria.
Portanto, a carga teórica será mais pronunciada em relação à prática para termos maior segurança ao criar um material final, o qual deve ser sempre baseado em decisões bem fundamentadas. Desta forma, nosso trabalho terá mais força e argumentos.
Vamos adiante?
Antes de partirmos para nosso trabalho propriamente dito, veremos os princípios da Gestalt e suas leis derivadas, as quais são interessantes para a profissional ou o profissional visual.
A Gestalt também é conhecida como Teoria da Forma, Leis da Gestalt ou Psicologia da Forma. Em alemão, esta palavra significa "forma" ou "boa forma", mas para nós se refere a uma escola da Psicologia que trata da interpretação das formas, ou seja, a maneira com a qual nosso cérebro interpreta o mundo visível ao nosso redor.
Diferentemente do que parece, o cérebro não interpreta as informações da mesma maneira que a retina dos olhos; nossa visão pode nos "enganar".
A base de todo esse entendimento é que a nossa primeira sensação sobre uma forma é unificada e global, e não feita somente de suas partes individuais. Então, quando nossa retina percebe a informação de luz que penetra nossos olhos, esta é mandada ao cérebro com um significado que forma uma imagem reconhecível.
Neste exemplo, vemos os dois grupos de esfera de formas diferentes: no primeiro, parece que a esfera central é maior do que a do centro da segunda, apesar de ambas terem as mesmas dimensões. Esta sensação se dá por conta dos elementos ao redor, pois possuem tamanhos menores e maiores em relação à central, respectivamente. Então, nosso cérebro faz uma interpretação diferente do que está sendo visto de fato, como uma ilusão.
Os profissionais da área de comunicação visual e design podem explorar essas questões para criar materiais interessantes que cumpram sua função comunicativa.
Essas interpretações feitas pelo cérebro acontecem a partir de quatro propriedades da percepção segundo a Gestalt.
Emergência: Tendência em perceber a forma como um todo que emerge antes das suas partes individuais.
Um exemplo é o cachorro visto no passo anterior, neste exemplo das esferas e neste a seguir.
Nestes quadros não há rostos pintados propriamente ditos; há uma série de elementos individuais que compõe a forma de rostos interpretada por nosso cérebro.
Reificação: O cérebro preenche formas mesmo quando há partes faltando, baseado na memória.
Nossa memória age justamente para trazer um repertório de informações armazenadas para completar o restante da figura. Isso é bastante comum em logotipos como do Carrefour por exemplo, onde a letra "C" não está desenhada literalmente, e sim há uma composição de figuras e fundos que formam o caractere.
O símbolo do World Wide Fund for Nature ou WWF representa um urso panda apenas com formas e manchas sem contorno, e as partes restantes são preenchidas por nosso cérebro para entendermos o significado geral.
Multiestabilidade: a interpretação do objeto é ambígua, ou seja, mais de uma forma pode ser vista ao mesmo tempo.
Neste outro exemplo, há as linhas que formam um cubo, e não sabemos dizer de forma lógica e assertiva as posições das faces no espaço. Ainda, podemos perceber outras formas que compõe a figura, como triângulos. Esta propriedade também se aplica ao caso das pinturas já exibidas.
Nessas imagens, vemos o logotipo do Zoológico de Pittsburgh que apresenta uma árvore, mas suas formas vazadas são um gorila e uma leoa ao mesmo tempo. Já na famosa gravura de Escher, vemos diversas escadas em direções diferentes com angulações contraditórias e personagens habitando este ambiente mas que não nos fornece a clareza de localizações, posições, sentidos e etc.
Assim, vemos mais de uma forma ou formas ambíguas, fornecendo mais de uma interpretação sobre uma mesma imagem.
Invariância: Formas serão reconhecidas independentemente da sua rotação, escala ou perspectiva.
Neste princípio, as formas não são passíveis de variações interpretativas em relação ao objeto original.
Neste exemplo, entenderemos seu significado mesmo que não estejam em posição frontal ou em escala natural.
Cientes dos quatro princípios, os designers conseguem chamar a atenção, surpreender e influenciar a percepção da observadora ou observador conforme se apropriam e exploram os conceitos da Gestalt, para que possam transmitir uma imagem ou mensagem da forma que sensibilize a interpretação da forma.
A seguir, veremos as Leis da Gestalt.
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