Olá. Sou Roberto Pina, seja muito bem-vindo e muito bem-vinda a mais esse curso da série de preparação para certificação PMI-ACP.
O público-alvo desse curso são analistas de sistemas e de negócios; gerências e coordenações de projetos; integrantes de áreas de governança – como PMOs (escritórios e projeto) –; pessoas que desejam atuar como Scrum Master ou Product Owner futuramente.
Devs com interesse em migrar para funções mais ligadas à gestão; pessoas que já praticam o ágil e desejam se certificar para reforçar suas credenciais; e consultores(as) em metodologias, gestão e transformação organizacional.
Esse curso é o sétimo da série que se destina ao preparo para a conquista da certificação PMI-ACP do Project Management Institute, mas como eu sempre gosto de enfatizar, a nossa jornada vai além: a série se destina também a aprofundar seu conhecimento teórico e prático a respeito do ágil.
Nesse curso, veremos conceitos básicos a respeito do Kanban, a montagem de um sistema Kanban, as restrições e monitoração do fluxo gerenciado pelo Kanban, a melhoria desse fluxo e um comparativo entre os métodos Kanban e Scrum – qual a aplicabilidade de cada um nos contextos de projetos.
Para quem participa, os benefícios são um grande apoio à preparação para certificação PMI-ACP, e também, como citei, a expansão e aprofundamento a respeito da cultura e dos métodos ágeis.
Você se prepara para o exame, mas também melhora seus conhecimentos teóricos e práticos a respeito do ágil.
Na sequência, vamos começar o nosso conteúdo falando a respeito do Kanban, o que é, quais suas origens e a que se destina. Vamos nessa, então?
Vamos, então, fazer uma introdução a respeito do Kanban. O Kanban é uma palavra japonesa que significa “cartão visual”, uma ficha visualizável. Isso é o Kanban.
O Kanban, com base nesse cartão, é um sistema para visualizar e controlar um fluxo de produção. Nós falamos em sistema Kanban. O Kanban é um sistema de produção, é um método de produção, é um método de controle da produção.
Produção, inicialmente, de manufatura. O Kanban teve origem na manufatura japonesa, nas fábricas da Toyota, em meados do século 20, anos 1940, 1950, na época em que [ININTELIGÍVEL] e outros desenvolveram o sistema Toyota de produção.
Criando, assim, o sistema de produção e de controle da produção visual que recebeu o nome de Kanban, que recebeu o mesmo nome da ficha utilizada no sistema Kanban.
O método proposto pelo Kanban, que vamos ver em detalhe nesse curso, começou décadas depois a ser utilizado também em desenvolvimento e manutenção de software.
O Kanban nasceu na manufatura, e depois acabou se tornando um método para desenvolvimento de software. Ele tem uma certa universalidade, portanto, no que tange a gerenciamento de fluxos de produção.
O Kanban, portanto, é considerado um método ágil para a indústria de software, assim como é o Scrum. Para o Kanban, a palavra-chave é “fluxo”. Trata-se de um sistema para visualizar, entender, gerenciar e melhorar um fluxo de produção.
O Kanban é um método de desenvolvimento ágil que não utiliza timeboxes nem sprints. Os itens que vão ser trabalhados simplesmente entram em um fluxo de produção e seguem.
Então, o Kanban não tem uma organização com timeboxes ou sprints. Nós veremos que é um método muito menos prescritivo do que o Scrum, por exemplo.
E como o Kanban não trabalha com o conceito de sprint, os itens são trabalhados quando? Tão logo seja possível. Eu não faço agrupamentos em sprints backlogs, eu não faço esse planejamento de lotes.
Então, quando eu trabalho por sprints, como, por exemplo, no Scrum, eu tenho um conjunto de itens que compõe um lote, que compõe um sprint backlog, uma meta do sprint, e vou trabalhando sucessivamente em diferentes lotes.
No Kanban, eu tenho um sistema mais fluido. Os itens vão entrando e sendo produzidos um a um na medida que o sistema puder absorvê-los.
Então, não tenho essa organização em lotes, os itens vão entrando em uma espécie de esteira de entrega de valor continuado, na medida em que é possível eles entrarem. Isso vai acontecendo de maneira mais constante. O Kanban é um sistema de produção continuado, e não por lotes, como é o caso do Scrum.
Existe um backlog na entrada? Sim, da mesma forma que no Scrum existe um backlog que, no caso do Kanban pode ser priorizado ou não – no caso do Scrum, ele, por prescrição metodológica, é priorizado, mas aqui no Kanban pode ser priorizado ou não –, e os itens vão sendo retirado desse backlog e colocados no fluxo.
Eles atravessam o fluxo que é gerenciado pelo Kanban e saem na frente como entregas, da mesma forma que no Scrum.
O Kanban conta com um quadro Kanban que é muito parecido com o quadro do Scrum, em que é possível vermos o fluxo e o que está acontecendo. Da mesma forma que acontece no Scrum, o quadro Kanban tem colunas que representam os estágios do fluxo.
Tem o Backlog, tem, por exemplo, um estágio de “Construção”, “Teste” e o “Done/Feito”. Aqui é um exemplo bem simples, o fluxo ocorre da esquerda para a direita.
Quando falamos do método Kanban, nós nos referenciamos a Kanban com “K” maiúsculo; e quando falamos do “quadro Kanban”, ou simplesmente kanban, nós usamos o “kanban” com “k” minúsculo.
A diferença entre o quadro do Kanban e o quadro do Scrum, o taskboard do Scrum, é esse número que aparece debaixo de determinados estágios. Vamos ver que esse número representa algo que faz toda a diferença no sistema Kanban.
Então, o quadro do Scrum é muito parecido com o quadro do Kanban, exceto por esse número. Nós veremos tudo isso, mas, por enquanto, é importante que você saiba que o Kanban é um sistema para gerenciamento do fluxo que se baseia em um quadro, ele tem um caráter visual muito grande.
Cada uma dessas fichas, que são os “kabans”, são itens que vão ser trabalhados ao longo do fluxo, partindo de um backlog, priorizado ou não, e cada item, sem agrupamento por sprint, vai entrando no meu fluxo, vai passando pelos estágios, e vai saindo do outro lado como pronto.
A forma como esses itens vão entrando no fluxo e como a coisa funciona é o que vamos ver ao longo do curso. Na sequência, vamos ver os conceitos de cadeia de valor e de produção puxada, que são essenciais para começar a entender em detalhe o que é o sistema Kanban de produção. Vamos em frente?
Um conceito muito importante para o Kanban é o de cadeia de valor, ou value stream. Trata-se de um fluxo de produção de um produto, ao longo do qual é adicionado valor ao mesmo.
O produto vai passando por etapas ou estágios em que o trabalho é realizado e o valor é adicionado. Pensa em uma linha de produção de um automóvel.
Aquele automóvel semiacabado vai transitando em estágios e, em um determinado estágio, eu coloco o motor, estou adicionando valor ao carro; depois, adiciono os bancos, coloco mais um pouco de valor; adiciono o painel, coloco mais um pouco de valor; e vou seguindo assim.
A cada estágio do sistema de produção, o produto – no caso, o carro –, vai recebendo cada vez mais valor, na forma de trabalho e de itens que vão sendo adicionados ao mesmo.
Quando ele chega no valor máximo, ele está pronto para ser vendido. Ele sai do sistema de produção como um produto pronto. Essa é a cadeia de valor, é uma sequência de estágios em que o produto vai ficando cada vez mais valoroso.
Isso nós conseguimos com o trabalho e com a adição de itens, materiais, enfim, com o crescimento do produto. Isso é um conceito muito importante e o Kanban é um sistema que serve para gerenciar essa cadeia de valor que se manifesta através de um fluxo, de um fluxo de produção.
Ao longo desse fluxo, infelizmente, nem todos os momentos adicionam valor, de fato, ao produto. Alguns passos, ao longo do fluxo de produção, são de espera, são de registro, são de comunicação, são de transporte.
São algumas atividades ou coisas que acontecem no fluxo que são necessárias, mas em que não está acontecendo uma efetiva adição de valor naquele momento. São males necessários, digamos assim, são coisas que acontecem no fluxo, mas que não adicionam valor.
Em determinado momento, sim, existe a efetiva adição do valor. Essas outras atividades que são acessórias, que não adicionam valor, contribuem para que o fluxo funcione, mas não está acontecendo adição de valor ao produto efetivamente.
Todos os fluxos de produção têm essa característica: a convivência entre atividades que adicionam valor e atividades que não adicionam valor, que são até consideradas desperdícios na filosofia do Kanban e do [ININTELIGÍVEL], como veremos pormenorizadamente mais para frente.
Então, o fluxo tem determinados estágios em que posso ter uma fila, tenho determinadas operações, posso ter estoques intermediários etc. Entre um estágio e outro, eu tenho atividades de transporte – transporte mesmo de semiacabado.
Em determinados momentos do fluxo, existe efetiva adição de valor. Pensando novamente no carro, quando estou colocando o motor no carro, sem dúvida estou adicionando valor; quando estou colocando painel, também.
Mas quando estou fazendo o transporte do carro semiacabado de uma estação para outra, naquele instante, eu não estou adicionando nada no carro, então aquele transporte é uma atividade necessária, mas que não adiciona valor.
Então, tem partes do fluxo que são operações que adicionam valor, e partes, tais como filas, todos os transportes e os estoques, que não adicionam valor.
Esses itens têm que ser o mais enxuto possível, dado que eles não adicionam valor, não podem ocupar muito esforço e muito tempo. Isso é uma filosofia importante para a questão da adição de valor em um fluxo.
Outro conceito muito importante é, falando em fluxo de produção, o conceito de produção empurrada e produção puxada. Esses dois tipos básicos de produção têm as seguintes características.
Na produção empurrada, é assim: produza, depois tente vender. Por exemplo, falando novamente de carros, eu produzo um monte de carros, desaguo, isso às vezes vai para um pátio e depois as concessionárias vão ter que vender esses carros.
Primeiro produzo e depois me encarrego de vender. Há, portanto, a formação de estoques na produção empurrada.
E tem a produção puxada, que é: produza só quando for demandado. Quando houver ordem de produção para item, produza e entregue. Exemplo, uma pizza que pedimos por encomenda. Nós primeiro pedimos a pizza e depois ela é produzida. Não existe um estoque de pizzas esperando alguém pedir. Esse é um exemplo de produção puxada.
O Kanban trabalha com o conceito de produção puxada. Como o sistema de produção é puxado, existe uma tendência de haver mais harmonia, mais balanceamento desse fluxo.
Porque cada equipe que atua no estágio puxa um item para produzir quando ela está pronta, quando tem condições, não quando temos uma coisa empurrada para a equipe fazer.
Existe a metáfora da corrente de clipes que é o seguinte: quando a corrente de clipes é puxada, ela vai reta, de forma harmoniosa, e se eu tento empurrá-los, eles ficam amontoados, cria-se uma espécie de caos.
Isso é uma metáfora, é uma analogia para mostrar que quando a produção é puxada, ela tende a ser mais harmoniosa, e quando a produção é empurrada, pode haver algum tipo de engavetamento.
A produção puxada favorece o trabalho em itens no momento adequado, no momento possível, e na quantidade certa, sem estoques se avolumando na cadeia.
Vamos pensar no desenvolvimento de software, em que o software passa por alguns estágios. O que parece mais razoável, mais tranquilo? Cada desenvolvedor(a) puxar um item quando ele está pronto para fazer, ou os itens ficarem se acumulando em cima dessa pessoa, formando filas, ou tentando colocar um paralelismo que acaba funcionando como pressão?
Parece mais razoável, mais fluido e mais tranquilo a produção puxada, em que o meu estágio pega um item para trabalhar quando isso é possível, e vai seguindo esse fluxo na forma de ordens de produção – ordens de produção que têm correspondência com o Kanban, exatamente aquela ficha como veremos.
Esses são conceitos importantes: o de cadeia de valor, em que há efetivação de valor, porém, convivendo com estágios em que isso não acontece; e a produção empurrada e puxada. O Kanban trabalha com o conceito de produção puxada.
Na sequência, vamos ver como eu defino esse fluxo e como eu começo a montar um sistema Kanban, quais são os passos para organizar o Kanban para gerenciar o meu fluxo de adição de valor nessa produção puxada. Vamos lá?
O curso Certificação PMI-ACP: o Kanban possui 118 minutos de vídeos, em um total de 45 atividades. Gostou? Conheça nossos outros cursos de Agilidade em Inovação & Gestão, ou leia nossos artigos de Inovação & Gestão.
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