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Processo de build com o Maven

Processo de build com o Maven
lucas
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O Maven é uma ferramenta de gerenciamento, construção e implantação de projetos muito interessante, que te ajuda no processo de gerenciamento de dependências e no de build, geração de relatórios e de documentação. Na Caelum esta é a ferramenta usada em todos os projetos internos e nas consultorias.

Este post, escrito em 2008, foi atualizado neste ano de 2017 tanto na formatação como no conteúdo.

Muitas pessoas migram seus projetos para o Maven, mas acabam arrumando mais problemas que soluções, pois não conseguem configurá-lo corretamente, e acabam desistindo e fazendo tudo na mão, ou voltando para o Ant.

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Mas se você conseguir ajustar as configurações, o Maven vai te ajudar muito e vai compensar todos os (poucos) problemas que ele eventualmente causa. No início do uso do Maven, espere formar com ele uma relação de amor e ódio.

Instalando o Maven

Para começar a usar o Maven, tudo o que você precisa fazer é baixá-lo e configurar umas poucas variáveis de ambiente. Depois de ter feito isso, é só digitar mvn [target] na linha de comando. Alguns sistemas operacionais já te oferecem essa instalação através do macport ou apt-get.

O básico do Maven

A unidade básica de configuração do Maven é um arquivo chamado pom.xml, que deve ficar na raiz do seu projeto. Ele é um arquivo conhecido como Project Object Model: lá você declara a estrutura, dependências e características do seu projeto.

A idéia é bem parecida com o build.xml do Ant: você deixa o pom.xml na raiz do seu projeto para poder chamar as targets de build do seu projeto. O menor arquivo pom.xml válido é o seguinte: <project>   <modelVersion>4.0.0</modelVersion>   <groupId>br.com.caelum</groupId>   <artifactId>teste</artifactId>   <version>1.0</version> </project>

Que contém apenas a identificação do projeto, e uma informação a mais: modelVersion, que é a identificação da versão do arquivo pom.xml e deve ser sempre 4.0.0. A identificação do projeto consiste em três informações:

  • groupId: um identificador da empresa/grupo ao qual o projeto pertence. Geralmente o nome do site da empresa/grupo ao contrário. Ex: br.com.caelum.
  • artifactId: o nome do projeto. Ex: teste.
  • version: a versão atual do projeto. Ex: 1.0-SNAPSHOT.

Gerenciamento de dependência

Essas informações são usadas em muitos lugares, como o controle de dependências que é, na minha opinião, a funcionalidade mais útil do Maven. Por exemplo, para dizer que o log4j 1.2.15 é uma dependência da sua aplicação é só acrescentar no seu pom as linhas: <project> ...   <dependencies>     <dependency>       <groupId>log4j</groupId>       <artifactId>log4j</artifactId>       <version>1.2.15</version>     </dependency>   </dependencies> ... </project> Quando necessário, o Maven vai baixar pra você o jar do log4j 1.2.15, e todas as suas dependências, e vai colocá-las no classpath da sua aplicação durante os builds, testes, etc. Ou seja, você não precisa mais entrar no site do log4j, baixar um zip com vários jars e ter que procurar quais jars devem ser colocados no classpath!

Como o Maven realiza seus processos

No Repositório de Bibliotecas do Maven você encontra os jars que você pode colocar como dependência do seu projeto, e o pedaço de xml que você deve copiar e colar dentro da tag dependencies do seu pom para incluir essas bibliotecas.

Todos os jars baixados pelo Maven são guardados na pasta repository dentro da M2_HOME que você configurou quando instalou o Maven. Assim, se mais de um projeto seu depende do mesmo jar, ele não é baixado de novo.

A grande diferença entre o build.xml do Ant e o pom.xml do Maven é o paradigma. No Ant usamos esse XML praticamente como uma linguagem de programação, onde você da comandos em relação ao build do projeto.

No Maven usamos o XML para definir a estrutura do projeto, e a partir dessas declarações o Maven possui targets bem definidos que usam essas informações para saber como realizar aquela tarefa.

Um exemplo: para compilar com o Ant criamos um target que chama o javac, mas para compilar com o Maven usamos um target já existente (não o criamos), e ele vai usar a informação que define onde está o código fonte e para onde ele deve ser compilado (sendo que muitas dessas informações possuem convenções e defaults, e nem precisam ser configuradas).

Utiização de plugins

Além dos principais targets do Maven, você pode executar targets de plugins. Você só precisa digitar na linha de comando:

mvn [nomedoplugin]:[target]

E então o Maven baixa o plugin, se necessário, e executa a target pra você. Existe uma lista bem grande de plugins do Maven e uma boa parte desses plugins podem ser usados sem nenhuma configuração adicional no seu pom.

Para dar um exemplo de plugin do Maven nada melhor do que o plugin que cria um protótipo de projeto do Maven: o Archetype. É bem parecido com o scaffold do Ruby: ele cria um protótipo de projeto a partir de um modelo escolhido. O jeito mais fácil de usar esse plugin é digitando na linha de comando:

mvn archetype:create

E então o Archetype vai perguntar qual é o tipo de projeto que você deseja, o groupID, artifactID, version e o pacote referentes ao seu projeto. Depois disso você terá uma estrutura de projeto pronta para ser usada.

Por exemplo se você escolheu o tipo de projeto maven-archetype-quickstart, o Archetype vai criar uma estrutura de pastas parecidas com a seguinte:


teste
|-- pom.xml
`-- src
    |-- main
    |   `-- java
    |       `-- br
    |           `-- com
    |               `-- caelum
    |                   `-- teste
    |                       `-- App.java
    `-- test
        `-- java
            `-- br
                `-- com
                    `-- caelum
                        `-- teste
                            `-- AppTest.java

E então é só continuar o seu projeto a partir daí. O código de teste já vem separado do código principal, e o JUnit já vem como dependência da aplicação. Você também pode criar as pastas src/main/resources e src/test/resources para colocar os recursos (arquivos de configuração, de teste, e etc) do código principal e do de testes, respectivamente.

Tudo que estiver dentro dessas pastas é copiado diretamente para o diretório onde as classes são compiladas, sem que seja necessário fazer nenhuma configuração adicional.

Ajustando a estrutura do projeto gerado pelo Maven

Se você, por algum motivo, não gostou da estrutura que o Maven criou, ou está querendo migrar um projeto para o Maven que não segue essa estrutura, você pode configurar os diretórios do projeto acrescentando algumas linhas no pom:

<project>
...
<build>
    <sourceDirectory>
      ${project.basedir}/src/java/main
    </sourceDirectory>
    <testSourceDirectory>
      ${project.basedir}/src/java/test
    </testSourceDirectory>
    <resources>
          <resource>
                 <directory>
                   ${project.basedir}/src/resources/main
                 </directory>
          </resource>
    </resources>
    <testResources>
          <testResource>
                 <directory>
                   ${project.basedir}/src/resources/test
                 </directory>
          </testResource>
    </testResources>
</build>

...
</project>

Nesse exemplo o diretório principal de código e de recursos estarão em src/java/mainsrc/resources/main respectivamente, e os diretorios de teste em src/java/test e src/resources/test.

O ciclo de vida do Maven

Agora com um projeto Maven já preparado, vamos para a principal funcionalidade: o build. O build do Maven é baseado no conceito de ciclo de vida: o processo de construção e distribuição da sua aplicação é dividido em partes bem definidas chamadas fases, seguindo um ciclo. O ciclo padrão é o seguinte:

  • compile - compila o código fonte do projeto
  • test - executa os testes unitários do código compilado, usando uma ferramenta de testes unitários, como o junit.
  • package - empacota o código compilado de acordo com o empacotamento escolhido, por exemplo, em JAR.
  • integration-test - processa e faz o deploy do pacote em um ambiente onde os testes de integração podem ser rodados.
  • install - instala o pacote no repositório local, para ser usado como dependência de outros projetos locais
  • deploy - feito em ambiente de integração ou de release, copia o pacote final para um repositório remoto para ser compartilhado entre desenvolvedores e projetos

Você pode invocar qualquer dessas fases na linha de comando, digitando:

mvn [fase]

Por exemplo se você digitar mvn package o Maven vai executar todas as fases anteriores do ciclo até a fase package. Uma lista completa das fases do ciclo de vida possíveis pode ser encontrada aqui.

Algumas das fases do ciclo possuem plugins associadas a elas, e esses plugins são executados assim que a fase é chamada para ser executada. Você pode também registrar plugins para rodarem em qualquer fase do ciclo, conseguindo, assim, personalizar o build do seu projeto facilmente.

Por exemplo, se você quiser criar um jar com o código fonte do projeto, e que esse jar seja gerado depois que o projeto foi empacotado, é só acrescentar no seu pom:

<project>
  ...
  <build>
    <plugins>
      <plugin>
        <groupId>org.apache.maven.plugins</groupId>
        <artifactId>maven-source-plugin</artifactId>
        <executions>
          <execution>
            <id>attach-sources</id>
            <phase>package</phase>
            <goals>
              <goal>jar</goal>
            </goals>
          </execution>
        </executions>
      </plugin>
    </plugins>
  </build>
  ...
</project>

Assim, o plugin Source vai executar seu goal jar na fase package do ciclo de vida. É como se fosse chamado mvn source:jar quando o build passa pela fase de package. A fase package já possui um plugin associado a ela: o jar:jar (supondo que é um projeto jar), então o plugin source só será executado depois do jar:jar.

Em geral se você registrar mais de um plugin pra mesma fase, eles serão executados na ordem em que eles forem declarados. O jeito de configurar o plugin para colocá-lo dentro de uma fase do ciclo geralmente está no site principal do plugin, na seção Usage.

Mais plugins úteis no dia a dia

O Maven possui ainda outras funcionalidades interessantes, como geração de relatórios. Alguns plugins também merecem uma atenção especial, como:

  • O Eclipse que gera informações de projeto para o eclipse (.classpath e .project)
  • O Antrun que te permite executar código Ant dentro do Maven
  • O Cobertura que gera um relatório mostrando a cobertura de testes no seu projeto
  • O Jetty que sobe uma instância do Jetty com sua aplicação deployed
  • O Selenium que sobe uma instância do servidor do Selenium para poder fazer os testes de aceitação do selenium

Enfim, existem vários plugins interessantes e é relativamente fácil achar o plugin que faz o que você precisa. É igualmente fácil, também, fazer um plugin para o Maven, o chamado Mojo.

Aqui na Caelum, além do Maven e JUnit, usamos muito o Selenium, juntamente com o SeleniumDSL, para os testes de integração, e o Cruise Control para o controle da integração contínua. Esperamos colocar tutoriais e vídeos sobre essas ferramentas também.

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