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O poder do Moodboard

O poder do Moodboard
Rafael Balbi
Rafael Balbi

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Certamente você conhece o Pinterest, aplicativo muito famoso que usamos para juntar imagens de que gostamos, em coleções temáticas que podemos visitar sempre que desejarmos nos inspirar.

Você sabia que a ideia deste recurso deriva de uma etapa do processo criativo dos designers, chamada Moodboard?

Ele automatiza a coleção e organização de referências visuais na internet e é uma ferramenta hoje em dia muito utilizada para criar painéis de inspiração, mas essa técnica tem várias facetas e pode ser executada a partir de várias perspectivas diferentes.

Vamos conhecê-la melhor?

Função dupla: inspirar e documentar

Moodboard, também conhecido como painel de sentimentos ou painel semântico, é uma ferramenta criativa poderosíssima, muito utilizada no processo do design thinking, que inspira seu projeto a partir de uma colagem gráfica de referências pesquisadas no universo do usuário e de idéias que dialogam com o projeto em questão, que podem informá-lo com conceitos, visuais e estilos.

Imagem que mostra um moodboard com a colagem de diversos designs e referências gráficas como capas de livros, logos, fontes estilizadas na cor dourada.

O desenvolvimento do moodboard é um exercício de criatividade, e pode trazer muitos insights e informar todo nosso trabalho de criação a partir daí, além de mostrar nossas intenções de design a eventuais times e clientes - em alguns casos mostrar, até mesmo ao nosso público e à própria indústria da qual fazemos parte, como muitos moodboards de setores como a indústria fashion, cinema e tênis de esporte, que utilizam esse recurso como influência de estilo.

Portanto, ao mesmo tempo em que serve de painel de inspiração, o moodboard tem uma função de documentar nosso processo criativo, pois representa a síntese de uma pesquisa visual de referências e que pode servir de base para colaboração e até validação com clientes.

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O que incluir no Moodboard?

Cada moodboard é diferente, e o que o designer resolve incluir nele vai variar muito com o projeto. Podem ser capas de livros, ilustrações, gravuras, logos, estilos de tipografia, fotos de objetos que remetem ao conceito do projeto.

Ou seja, ele pode trazer elementos diversos, para muito além das referências diretas de sua própria indústria. É importante que isso ocorra, inclusive, para que as soluções não se tornem auto-referenciais dentro de cada espaço criativo, ou seja, que não compreendam apenas soluções alcançadas dentro do próprio setor, sem respirar ares diversos de outros âmbitos e disciplinas.

Imagem que mostra um moodboard caótico, com diversas imagens impressas coladas em uma parede ou mural.

O trabalho de criar um moodboard não precisa ser somente uma disposição de fotos lado a lado, ou imagens, ou algo organizado de forma absolutamente metódica.

Ele pode ser analógico, cheio de recortes de revistas, propagandas, pedaços de tecido, bilhetes, flyers, folhas secas, fotos 3x4 de amigos de infância, ou pode ser também uma imagem caótica, feita em programas simples de edição de imagem, com colagens caóticas, crops brutos, sobreposições digitais e tudo mais.

Independente dos meios escolhidos para fazer o moodboard, analógicos ou digitais, o importante é que os visuais sejam registrados para que tudo fique documentado. Isso pode ser feito salvando o arquivo em formato PDF, por exemplo, publicando o material em algum app ou página na Web, ou mesmo tirando fotos do que foi feito.

Algumas idéias que podem se misturar

Imagens: logos, fotografias pessoais, de produtos, de pessoas, fotos do instagram, prints de sites, ilustrações, etc.

Cores: elementos diversos e bastante diferentes entre si podem trazer informações cromáticas interessantes. Um moodboard com uma foto de uma banana, de uma capa de chuva amarela, de um campo de girassóis e placas de atenção podem informar uma paleta toda baseada no amarelo, por exemplo.

Imagem que mostra um moodboard com diversas fotos e artes com uma paleta de cor mais voltada ao amarelo.

Metáforas Visuais: Simbolismo é uma parte importante da publicidade e branding modernos, e pode trazer relações interessantes para além do que aparentam. O que um painel cheio de fotos de bocas de caverna no meio da natureza pode informar sobre o projeto?

Ou uma série de esboços, em grafite, de animais selvagens em atividade pode trazer de simbologia a respeito do seu projeto? O que formas geométricas, elementos da natureza ou organizações de objetos em uma foto podem falar sobre seu projeto?

Imagem que mostra um moodboard criado com diversos objetos físicos, com formas geométricas distintas, cores, texturas e padronagens diversas, predominantemente nas cores cinza, preto e ocre.

Palavras: escolha de tipografias e das próprias palavras podem influenciar de uma forma interessante o seu trabalho. Vamos lembrar que elas também são símbolos e também são a forma com que as escrevemos. O que significa a palavra "amor" escrita com uma esferográfica com letras infantis, e qual a diferença de uma foto da palavra "amor" escrita em batom em um espelho de banheiro?

Imagem que mostra um moodboard composto de nove imagens. A primeira imagem é uma fotografia aproximada de uma porta e sua fechadura. Na segunda imagem pode-se ler “Obedience is not patriotism”, ou seja, “Obediência não é patriotismo”, escrita com uma fonte grafitada. Na terceira imagem, há duas frases: a primeira, em caixas altas, diz “Please do not write on this page”, ou seja, “Por favor, não escreva nesta página”; abaixo dessa frase, há uma anotação feita à mão que diz: “Why not?”, ou seja, “Porquê não?”. A quarta imagem, na segunda linha do moodboard, há uma mão que toca uma frase que diz: “Please do not touch”, ou seja, “Por favor, não toque aqui”; a quinta imagem, na segunda linha do moodboard, tem uma uma pixação em letras grandes que diz: “We are free?”, ou seja, “Nós somos livres?”; ao lado, há duas palavras que dizem “Defina”, apontando para as palavras “nós” e “livres”. A sexta imagem possui uma frase que diz “The rights of a human being should be above the law”, ou seja, “Os direitos de seres humanos deveriam estar acima da lei”. Na terceira linha, a sétima imagem do moodboard apresenta uma página de um livro em que se pode ler os dizeres “Quiet rebellion”, ou seja, “rebelião silenciosa”. Na terceira linha, a oitava imagem do moodboard mostra a parede de um muro com uma frase grafitada que é ilegível em alguns pontos. Por fim, na terceira linha, a nona e última imagem do moodboard é a imagem de um olho pintado com tinta azul.

Texturas: colagens de pedaços de tecidos, de placas de metal, fotos de um chão de cimento queimado, de uma parede chapiscada, de um creme de bolo. A textura das coisas nos traz impressões táteis que podem informar esteticamente nossos projetos.

Construção estética

Lembre-se de que estamos trabalhando o tempo todo com construções estéticas em nossas vidas, mesmo que não tenhamos noção disso. No caso de designers, eles têm essa consciência e podem impactar nesta construção diretamente no momento de criação destes moodboards.

Imagem que mostra um moodboard composto de três imagens: a fotografia de um homem jovem negro, a foto de girassóis sob um fundo azul e a foto da fachada de um edifício rosa. O moodboard também inclui três cores: rosa, azul piscina e laranja.

Encare este trabalho como um momento de experimentação estética importante, não somente para documentar sua pesquisa, mas para trabalhar suas inspirações, suas referências para o projeto, podendo ressignificar e se apropriar de conceitos visuais que impactarão na construção de peças gráficas de todo o projeto.

Ferramentas Digitais

Além do Pinterest, que ganhou popularidade como uma ferramenta para muito além dos designers, temos alguns apps e sites um pouco mais especializados, inclusive com muitos exemplos e templates para ajudar você a criar seus moodboards online.

Canva: o primeiro deles é o Canva, uma ferramenta freemium que reúne painéis, instrumentos de colagem, um banco de imagens, tipografias, elementos visuais incríveis e muitos templates interessantes, além de ferramentas de colaboração. Temos inclusive cursos da ferramenta aqui na Alura, onde utilizamos esta ferramenta para criar moodboards para nossos projetos. Se quiser, indicamos iniciar pelo curso Introdução ao Canva na Alura.

Miro: bastante utilizado entre designers e não designers, o Miro permite a criação de painéis colaborativos com muitas funcionalidades interessantes, além de templates.

Milanote: outro similar popular é o Milanote, que também conta com templates e ferramentas de criação de múltiplos painéis; pode ser interessante para um projeto com múltiplos boards.

Creately: é uma plataforma que tem uma ferramenta de moodboard que traz, inclusive, um framework para a construção, com áreas específicas para cada referência. Vale a pena dar uma olhada.

Desygner: é um programa de utilização bem fácil e imediata, e permite fazer moodboards multimídia com muita facilidade, agregando animações, sons, vídeos e outros recursos.

Moodboard: por último, recomendamos uma aplicação bem direta e objetiva, que é o Moodboard. Você não precisa nem fazer login, é só sair puxando imagens e arrastá-las para organizar, de maneira bem ágil. Quando terminar, basta só compartilhar o link.

Concluindo

Parabéns por chegar até aqui! Neste artigo, aprendemos sobre:

  • O que são e para que servem os Moodboards;
  • Dicas e exemplos de Moodboards;
  • Algumas ferramentas online para construir Moodboards.

Curtiu a conversa? Então, não deixe de conferir aqui na Alura o nosso curso sobre Canvas, clicando aqui.

Até mais!

Rafael Balbi
Rafael Balbi

(Ele/Dele) Designer e Ilustrador, atua no mercado com identidade visual, criação publicitária, marketing digital e editorial, especialmente interessado em fundamentos das artes visuais, processos criativos e impacto social. Apaixonado por RPG, é host do Café com Dungeon, onde discute jogos, aspectos de game design, criatividade, arte e cultura ligados ao hobby; vencedor do prêmio Goblin de Ouro 2019 de Melhor Podcast por escolha popular.

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