Diferenças entre Governança e Gestão de dados

Diferenças entre Governança e Gestão de dados
Pedro Henrique Campagna Moura da Silva
Pedro Henrique Campagna Moura da Silva

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No mundo dos dados, dois termos frequentemente causam confusão: governança de dados e gestão de dados. Será que são apenas nomes diferentes para a mesma coisa? Ou será que escondem diferenças importantes que precisamos entender?

Neste artigo, vamos desvendar o mistério por trás desses dois conceitos e mostrar como eles se encaixam na estratégia de qualquer empresa que lida com dados.

Prepare-se para mergulhar no universo da governança e gestão de dados e descobrir como eles podem transformar a maneira como você gerencia informações.

Quais são as diferenças entre governança e gestão de dados

A forma mais simples de diferenciar a gestão e a governança de dados é analisar em qual esfera de planejamento da organização as decisões acontecem.

Vamos recapitular rapidamente essas esferas: no topo, temos a esfera estratégica.

Banner promocional da Alura, com um design futurista em tons de azul, apresentando dois blocos de texto, no qual o bloco esquerdo tem os dizeres:

Esfera estratégica

Nessa esfera, é traçada a coluna dorsal da organização, definindo valores, visão e a missão, assim como a estratégia e objetivos quando falamos de dados.

As pessoas envolvidas nessas decisões são o CEO, diretores e os especialistas das áreas.

Além disso, essas são decisões que visam o longo prazo, guiam a organização por anos, de forma mais perene. E justamente por isso são as mais importantes para o planejamento da organização.

Esfera tática

Na esfera tática, são definidos os processos que irão implementar as diretrizes do planejamento estratégico. Também serão criadas metas e condições para avaliar se as diretrizes estão sendo corretamente alcançadas.

Aqui, as pessoas envolvidas são os líderes de cada área: coordenadores e supervisores que vão avaliar o trabalho realizado por analistas e funcionários e que precisam reportar, a partir de métricas, OKRs e outros indicadores, os resultados para o nível estratégico. E as decisões visam o médio prazo.

Esfera operacional

Já na esfera operacional, são realizados os processos do dia-a-dia. As decisões aqui são aquelas que implementam os processos e garantem o funcionamento da empresa, fazendo o trabalho que mantém a empresa saudável, implementando as decisões que foram realizadas pelas esferas tática e estratégica.

E, finalmente, as pessoas envolvidas nessa esfera são analistas e funcionários de "chão de fábrica" que realizam a parte mais fundamental do trabalho de uma organização.

A imagem ilustra uma pirâmide dividida em três níveis distintos, representando a hierarquia organizacional de uma empresa ou organização. Na base encontra-se o nível operacional. Este nível inclui as atividades diárias realizadas por funcionários responsáveis por tarefas rotineiras e práticas, mantendo a organização funcionando continuamente. O nível intermediário é o nível tático. Ele inclui a gestão intermediária, composta por supervisores e gerentes que planejam e coordenam atividades para atingir objetivos de médio prazo. Esses gestores traduzem as diretrizes do nível estratégico em planos específicos e viáveis. No topo da pirâmide, o menor dos três níveis, está o nível estratégico. Este nível abrange a alta administração, incluindo diretores e executivos que tomam decisões estratégicas e de longo prazo. Eles definem a visão, a missão e os objetivos gerais da organização, guiando a direção futura da empresa. A pirâmide, portanto, demonstra visualmente como as responsabilidades e o foco das atividades mudam das operações diárias na base para o planejamento estratégico no topo.

Relacionando as esferas de planejamento organizacional com Governança e Gestão de dados

A diferença entre a gestão e a governança de dados pode ser notada conforme observamos os níveis de planejamento da organização, onde ocorrem as decisões das organizações.

Decisões num nível estratégico são aquelas que definem os grandes objetivos e as visões da empresa, e com dados isso não é diferente: essas ações são consideradas ações de governança de dados.

Elas são tomadas pela diretoria da empresa e muitas vezes envolvem cargos como o Chief Data Officer (CDO) e outras lideranças da tecnologia da empresa.

Um exemplo desse tipo de decisão é como a área responsável por dados será formada e quais serão as responsabilidades dessa área.

Por outro lado, quanto mais próximas as ações e decisões são do nível operacional, mais elas se aproximam da gestão de dados.

Um exemplo é realizar a catalogação de uma nova base, incluindo ela nas bases que podem ser usadas pela organização

Dessa forma, decisões mais ligadas ao nível estratégico fazem parte da governança de dados, enquanto decisões mais próximas ao nível operacional são denominadas de gestão de dados.

Mas esses pontos nos trazem a questão: o que o nível tático faz quando se trata de dados?

Quando tratamos de dados, o nível tático faz a intermediação entre as necessidades do nível operacional e as diretrizes estratégicas de dados da empresa.

Quem faz esse trabalho é justamente o Escritório de Governança de Dados ou Data Governance Office (DGO), que atua tanto como especialista na área, auxiliando a alta gestão a tomar as melhores decisões para o tema de dados, quanto trabalha próximo do nível operacional identificando as demandas e necessidades.

A imagem mostra uma pirâmide ilustrando a hierarquia da governança de dados em três níveis: estratégico (topo), tático (meio) e operacional (base). À direita da pirâmide, há uma seta vertical que indica a relação entre diferentes aspectos da governança de dados. No topo da seta, está a "Governança de dados", seguida pelo "Data Governance Office" no meio, e "Gestão de dados" na base. A seta mostra como a governança de dados é direcionada de cima para baixo e também como as informações e práticas de gestão de dados fluem de volta para o topo. A imagem, portanto, ilustra a hierarquia organizacional e a integração da governança de dados dentro dessa estrutura, mostrando a interação entre diferentes níveis de gestão e a importância da governança de dados em todos os níveis.

Diferenciando os conceitos pelo objetivo das ações

Outra maneira de diferenciar governança e gestão de dados é analisar o objetivo das ações de cada uma.

Relembrando a definição que usamos anteriormente, governança de dados engloba os processos que gerenciam o acesso, a gestão, o armazenamento e a proteção dos dados de uma organização, considerando as responsabilidades formais e informais para com as partes interessadas, a fim de garantir a integridade, disponibilidade e segurança das informações.

Neste conceito existem duas ações importantes que fazem parte da governança de dados:

  1. Processos que gerenciam o acesso, gestão, armazenamento e proteção dos dados: Essas atividades, por sua natureza processual, estão mais relacionadas à gestão de dados.
  2. Gestão das responsabilidades formais e informais para com as partes interessadas (stakeholders): Essas atividades, ligadas aos níveis mais estratégicos, são a essência da governança de dados.

Em resumo, a gestão de dados se concentra nas atividades práticas e operacionais, enquanto a governança de dados se preocupa com as responsabilidades e decisões estratégicas relacionadas aos dados.

Podemos dizer que grande parte do trabalho da governança de dados se divide em duas categorias: transformar responsabilidades informais em responsabilidades formais e gerenciar as demandas da organização em relação aos dados.

Traduzindo responsabilidades

Responsabilidades formais são aquelas claramente escritas em legislação ou em política interna.

No mundo de dados, um exemplo de uma responsabilidade formal é a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD), que estabelece as regras para as organizações que trabalham com dados pessoais.

Por outro lado, responsabilidades informais são aquelas que não estão escritas claramente em leis, mas são esperadas pelas partes interessadas naquele processo.

Por exemplo, quando coletamos e tratamos dados pessoais, há uma expectativa do titular do dado que os dados coletados sejam usados de forma ética respeitando a privacidade da pessoa.

Quando as responsabilidades são informais, a gestão se torna desafiadora. Por isso, uma das principais funções da governança de dados é transformar responsabilidades informais em responsabilidades formais.

Isso pode ser feito, por exemplo, através da criação de políticas que definem o que é considerado antiético e, portanto, proibido em relação ao uso de dados pessoais dentro da organização.

Gerindo demandas organizacionais

A outra grande categoria em que as atividades de governança de dados se encaixam é a gestão das demandas organizacionais.

Essa atividade busca entender quais as necessidades da organização e do negócio, de forma a criar as estratégias envolvendo dados para atender essas demandas.

Imagine, por exemplo, que o departamento de marketing de uma empresa de artigos esportivos esteja enfrentando problemas com a qualidade dos dados de vendas.

Esse problema gera uma demanda que será analisada e atendida pela área de governança de dados, elevando o padrão de qualidade das bases de dados de vendas.

Naturalmente, para que isso seja possível, é fundamental que já existam responsabilidades formalizadas sobre a qualidade dos dados e que se saiba quem são os responsáveis pela qualidade de determinadas bases.

Fluxo de uma responsabilidade até se tornar um processo

Seguindo o exemplo anterior, inicialmente temos uma responsabilidade informal de garantir a qualidade das bases de dados, uma vez que isso é esperado por diversos stakeholders - áreas de negócio, usuários, investidores e diretorias.

O próximo passo é a ação de governança de formalizar essa responsabilidade, criando uma política que define o nível de qualidade esperado de uma base e também quem são os responsáveis por implementá-la.

Isso gera uma demanda para o Data Governance Office (DGO) desenvolver um processo que avalie a qualidade dos dados e uma plataforma onde as unidades de negócio possam criar regras de qualidade de dados, sendo essas ações de gestão de dados.

Quando surge um problema como o mencionado anteriormente, abre-se uma demanda para a equipe de governança de dados, que deverá tomar as medidas necessárias, seja alterando a política ou acionando os processos que garantem a qualidade da base onde o problema se originou.

Nesse contexto, o Escritório de Governança de Dados (DGO) atua tanto em ações de governança quanto em ações de gestão de dados, quando necessário.

Nas ações de governança, auxilia na criação de políticas com o conhecimento específico da área e, uma vez que as políticas estão estabelecidas, realiza a ação mais característica do DGO: criar os processos que implementam as políticas.

A imagem é um diagrama dividido em duas seções principais: "Governança de Dados" e "Gestão de Dados", ambas detalhando o fluxo de responsabilidades e ações para garantir a qualidade dos dados em uma organização. Na seção de "Governança de Dados", a responsabilidade inicial pela qualidade dos dados começa de maneira informal com os stakeholders e a alta diretoria. Esse compromisso informal é então formalizado, levando à criação de políticas de qualidade de dados. Esse processo é liderado pelo Chief Data Officer (CDO) e pelo Data Governance Office (DGO). Depois, o DGO cria os processos necessários para garantir a qualidade dos dados. Na seção de "Gestão de Dados", a interação entre diferentes departamentos é mostrada. Quando o Departamento de Marketing, que é o consumidor de dados, encontra um problema de qualidade em uma base de vendas, ele entra em contato com o DGO. O DGO então aciona os processos de qualidade de dados previamente estabelecidos. Em resposta, o Departamento de Vendas, que é o produtor de dados, realiza ações para cadastrar mais métricas de qualidade para aquela base específica. O diagrama ilustra visualmente como a governança de dados e a gestão de dados estão interligadas, mostrando a cadeia de responsabilidades e ações desde a alta diretoria até os departamentos operacionais, enfatizando a importância de políticas e processos bem definidos para manter a qualidade dos dados na organização.

Conclusão

Em suma, desvendamos os conceitos de governança e gestão de dados, esclarecendo quando e por quem cada tipo de ação deve ser realizada.

Ao compreender e aplicar esses conceitos, as empresas podem cumprir suas obrigações legais e éticas, ao mesmo tempo em que maximizam o valor estratégico dos seus dados. Esse trabalho resulta em operações mais eficientes, decisões mais embasadas e uma maior capacidade de responder às demandas e oportunidades do mercado, seja por meio de ações de governança ou de gestão de dados.

Dominar a governança e a gestão de dados é essencial para qualquer empresa que queira prosperar na era da informação. Ao investir nesses pilares, você estará construindo uma base sólida para o sucesso do seu negócio.

Pedro Henrique Campagna Moura da Silva
Pedro Henrique Campagna Moura da Silva

Técnico em Informática e Analista de Relações Internacionais, trabalhou com desenvolvimento de software e ciência de dados voltados para pesquisa. Atualmente estuda governança de dados e tenta sempre construir pontes entre a tecnologia e o internacional.

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