Blockchain: o que é e como usar essa tecnologia

Blockchain: o que é e como usar essa tecnologia
Vinícius Chagas
Vinícius Chagas

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Imagine que você é responsável por anotar todas as transações financeiras de uma empresa em um caderno.

Cada transação é registrada de forma organizada para garantir que todos os dados estejam corretos e só sejam feitas alterações caso todos concordem.

Agora, pense em como transportar esse caderno de registros para o mundo digital, garantindo que todos possam verificar os dados ao mesmo tempo, sem que uma única pessoa controle tudo. Isso é blockchain.

O blockchain funciona como um grande livro de registros digitais onde cada informação é armazenada em blocos conectados em ordem, de modo que é quase impossível alterar qualquer dado sem que todos percebam. Isso torna as informações seguras e transparentes.

Neste guia, vamos explicar o que é o blockchain, como ele funciona e por que é tão importante.

Vamos ver suas vantagens e como ele está mudando o mundo de desenvolvimento de sistemas.

Também falaremos sobre como você pode aprender mais sobre blockchain e quais habilidades são úteis para trabalhar com essa tecnologia.

Prepare-se para explorar o mundo do blockchain e descobrir como ele pode transformar o futuro do mercado e o seu futuro!

O que é blockchain?

Antes de tudo, ele é uma tecnologia que está mudando a forma como nos conectamos, semelhante ao impacto que a internet teve nos anos 90.

Ela oferece uma nova maneira de armazenar e compartilhar informações de maneira segura e confiável no mundo digital.

Isso porque é um registro contínuo e imutável de informações, pois uma vez que algo é registrado na rede, não pode ser alterado, criando um histórico permanente e seguro de tudo o que foi armazenado.

As informações são organizadas em "blocos", com cada bloco conectado ao anterior, formando uma "cadeia de blocos", ou "blockchain".

Esse método de conexão entre blocos garante que as informações sejam facilmente auditáveis e muito difíceis de serem fraudadas, tornando o blockchain uma ferramenta poderosa para garantir a transparência e a segurança.

Curiosamente, a blockchain não é composta de uma tecnologia inteiramente nova. Ele é uma combinação de tecnologias existentes, aplicadas de uma maneira inovadora para criar algo maior que a soma de suas partes:

Redes P2P (Peer-to-Peer): permitem que os dados sejam distribuídos entre vários computadores, sem depender de um servidor central.

Criptografia assimétrica: garante que as transações sejam seguras e autenticadas, usando chaves públicas e privadas.

Programas de software: coordenam o funcionamento da rede, aplicando regras e protocolos para validar e armazenar dados.

De forma ampla, blockchains se enquadram no conceito de sistema distribuído. Segundo Tanenbaum e Van Steen, autores do livro Sistemas Distribuídos: Princípios e Paradigmas (2008), "um sistema distribuído é um conjunto de computadores independentes que se apresenta a seus usuários como um sistema único e coerente".

No caso da blockchain, ela operacionaliza a criação e manipulação de um registro distribuído, já que possui características específicas para isso.

O resultado é um sistema para interações digitais que não precisa de terceiros de confiança.

O trabalho de proteger relacionamentos digitais está implícito - fornecido pela arquitetura de rede elegante, simples, mas robusta da própria tecnologia.

Desse modo, a blockchain cria novas possibilidades e pode ser usada para diversos fins. Por exemplo, pode provar a existência e o conteúdo exato de qualquer documento ou outro ativo digital em um determinado momento.

Por exemplo, você pode utilizar blockchain para registrar um print de um conteúdo ofensivo na internet e depois utilizá-lo como prova judicial. Isso inclusive aconteceu, nesse caso que você pode consultar no site JusBrasil.

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Qual é o principal objetivo da tecnologia blockchain?

Devemos pensar no blockchain como algo semelhante à internet: uma tecnologia de informação com várias camadas e múltiplas aplicações.

Seu principal objetivo é criar um sistema seguro e confiável para registrar e facilitar trocas entre pessoas.

Essas trocas podem ser diversas, incluindo dinheiro; ativos tangíveis (propriedade física, casas, carros) e ativos intangíveis (votos, ideias, reputação, intenção, dados de saúde, informação, etc.).

O objetivo principal do blockchain é, portanto, fornecer uma infraestrutura robusta e confiável que suporte uma variedade de aplicações inovadoras, facilitando interações seguras e transparentes em um mundo cada vez mais digital.

Por que a tecnologia blockchain é importante?

A tecnologia é importante porque traz uma série de benefícios que transformam a forma como interagimos e fazemos transações no mundo digital.

Aqui estão os principais benefícios de adotar um sistema baseado em blockchain:

Desnecessidade de Confiança: em um sistema tradicional, precisamos confiar em intermediários como bancos ou instituições de pagamento para validar e garantir transações.

No blockchain, essa confiança vem da própria rede e do sistema de validação. Isso permite transações diretas entre pessoas, sem a necessidade de um agente intermediário.

A tecnologia em si substitui a confiança em terceiros, permitindo que diferentes entidades colaborem sem precisar confiar umas nas outras.

Segurança: a integridade dos dados é altamente protegida no blockchain devido aos mecanismos de criptografia e validação. Isso torna o sistema extremamente seguro contra fraudes e ataques.

Imutabilidade: uma vez que um dado é registrado em um bloco, ele não pode ser alterado ou excluído. Novos dados podem ser adicionados, mas os registros antigos permanecem inalterados, garantindo um histórico permanente e seguro.

Transparência: todo o histórico de transações é visível e armazenado de maneira imutável. Isso aumenta a confiança, pois qualquer pessoa na rede pode verificar os dados a qualquer momento.

Rastreabilidade: o blockchain mantém um registro completo de todas as transações desde o início, permitindo que qualquer atividade seja facilmente rastreada e verificada.

Tolerância a falhas: devido a sua estrutura distribuída, o blockchain não tem um único ponto de falha. Mesmo que alguns nós da rede sejam comprometidos, o sistema continua a funcionar enquanto houver nós operando corretamente.

Resistência à censura: nenhum nó individual pode alterar as regras do sistema ou bloquear transações. Isso impede que qualquer entidade censure ou impeça transações na rede.

Como os diferentes setores usam blockchain

A tecnologia blockchain tem encontrado aplicações práticas em diversos setores, transformando o modo como os negócios são conduzidos e melhorando a eficiência, segurança e transparência dos processos.

Vamos explorar como isso acontece em várias áreas específicas:

Economia

Na economia, o blockchain ajuda a descentralizar a propriedade e o controle de ativos. Ele permite a criação de novas formas de organização econômica, como organizações autônomas descentralizadas (DAOs).

Tais organizações são geridas por contratos inteligentes em vez de estruturas hierárquicas tradicionais.

Além disso, o blockchain possibilita o desenvolvimento de novas economias digitais, como tokens e criptomoedas, que criam oportunidades para microtransações e modelos de negócios inovadores.

Financeiro

No setor financeiro, o blockchain está revolucionando a maneira como as transações são feitas.

Com a capacidade de registrar e verificar transações de forma rápida e segura, o blockchain permite transferências de dinheiro quase instantâneas e com taxas reduzidas, eliminando a necessidade de intermediários como bancos e processadores de pagamento.

Mídia e entretenimento

Nesses setores podemos destacar como o blockchain possibilita o registro de colecionáveis digitais, os famosos NFTs. Artistas e criadores podem transformar suas obras em ativos digitais únicos, que serão comprados e vendidos online.

NFTs (Non-Fungible Tokens) são tokens digitais únicos que representam a propriedade de um ativo específico, como arte digital, música, vídeos ou outros tipos de mídia com a garantia de sua autenticidade, uma vez que cada NFT é único, não pode ser trocado diretamente por outro.

Assim esses colecionáveis digitais permitem que fãs e colecionadores possuam uma parte única da obra de um artista, criando novas formas de interação e monetização no mundo digital.

Varejo

No varejo, o blockchain transforma como as cadeias de suprimentos são gerenciadas. Ele permite o rastreamento de produtos desde a origem até o consumidor final, garantindo a autenticidade e a qualidade.

Isso é especialmente importante para produtos de alto valor ou sensíveis, como alimentos e medicamentos, cuja rastreabilidade é crucial. Também é utilizado para melhorar a eficiência logística, reduzindo fraudes e erros e facilitando o gerenciamento de inventário em tempo real.

Saúde

No setor de saúde, o blockchain é utilizado para melhorar a segurança e a integridade dos dados médicos. Ele possibilita o armazenamento seguro e compartilhamento de registros médicos entre diferentes provedores de saúde

Assim, garante a privacidade dos pacientes e a precisão das informações, além de também ser usado para rastrear a origem e a distribuição de medicamentos, ajudando a combater a falsificação dos produtos.

Imobiliário

No setor imobiliário, a tecnologia blockchain está facilitando a tokenização de propriedades. Isso significa que propriedades físicas podem ser divididas em partes menores e representadas digitalmente.

Esses ativos digitais podem ser comprados e vendidos de maneira semelhante a ações, de modo que mais pessoas podem investir em imóveis sem precisar comprar uma propriedade inteira.

Isso não apenas democratiza o acesso ao mercado imobiliário, como também simplifica o processo de compra e venda, tornando-o mais rápido e transparente.

Além disso, a tokenização permite uma maior liquidez, já que os investidores podem facilmente comprar e vender suas participações em propriedades.

Componentes de uma blockchain

A arquitetura de uma blockchain pode ser dividida em várias camadas, cada uma desempenhando um papel crucial no funcionamento do sistema.

A operação em camadas se assemelha com protocolos da internet (SMTP, HTTP e FTP), já que também é estruturada para otimizar o registro e a distribuição de informações sem a necessidade de intermediários confiáveis.

Protocolo (nível 1)

É a base de todo o sistema blockchain. Ele define o conjunto de regras formais que governam a rede, estabelecendo como os nós (computadores participantes) devem operar. Isso inclui regras sobre a criação, verificação e armazenamento das transações.

Todos os nós na rede devem seguir tais regras como uma garantia de que "conversem" uns com os outros, trocando transações e blocos de forma eficaz. O protocolo também determina como as alterações no sistema são feitas e aceitas pelos participantes da rede.

Rede P2P (nível 2)

A rede peer-to-peer (P2P) é composta por nós interconectados que armazenam, compartilham e processam dados coletivamente. Nela cada nó atua tanto como cliente quanto como servidor, permitindo o compartilhamento de dados sem a necessidade de um servidor central.

Isso elimina a hierarquia e centralização, tornando a rede mais resiliente e distribuída. A implementação prática do protocolo acontece nesta camada, na qual os dados são compartilhados e verificados entre os nós.

Com a verificação, garante-se que o registro seja atualizado de forma consensual e segura.

Consenso (nível 3)

O consenso é um dos aspectos mais inovadores do blockchain. Ele é o mecanismo pelo qual a rede concorda sobre quais transações são válidas e podem ser adicionadas ao registro.

Diferentemente dos sistemas tradicionais, nos quais um agente central valida os dados, no blockchain, essa validação é feita de forma descentralizada. Os participantes da rede devem chegar a um acordo sobre a validade das transações antes de serem registradas.

Dessa forma, fica garantido que o sistema seja confiável sem a necessidade de intermediários. O processo de consenso protege o sistema contra nós desonestos e assegura a integridade dos dados.

Dados (nível 4)

Os dados em uma blockchain são organizados em blocos interligados em uma cadeia por meio de criptografia.

Cada bloco contém um conjunto de transações e um hash (um identificador único) que liga ao bloco anterior, criando uma cadeia de blocos interdependentes. Essa estrutura de dados garante que qualquer alteração em um bloco afete todos os blocos subsequentes, tornando o registro imutável.

Os dados no blockchain são apenas adicionados, nunca alterados ou excluídos, o que garante um histórico transparente e seguro de todas as transações.

Aplicações (nível 5)

Na camada de aplicações, encontramos os usos práticos da tecnologia blockchain. Isso inclui desde contratos inteligentes, que automatizam acordos digitais sem a necessidade de intermediários, até sistemas de gerenciamento de cadeias de suprimentos. Isso inclui, por exemplo, votação eletrônica e gestão de identidades digitais.

As aplicações da blockchain estão se expandindo rapidamente, à medida que novos casos de uso são explorados e implementados em diversos setores.

A criptografia como um dos pilares do blockchain

A criptografia é o coração do blockchain, garantindo a segurança e a integridade do sistema. Ela é usada para proteger dados e assegurar que apenas usuários autorizados possam acessá-los. É essencial em três áreas principais:

Controle de Identidade:

  • Chaves públicas e privadas: Cada usuário possui um par de chaves criptográficas. A chave pública é semelhante a um endereço de e-mail, enquanto a chave privada é como uma senha.
    • Mensagens ou transações são criptografadas com a chave pública do destinatário, garantindo que apenas ele possa decifrar o conteúdo usando sua chave privada.

Assinaturas digitais:

  • As assinaturas digitais são usadas para verificar a autenticidade das transações. Quando um usuário assina uma transação com sua chave privada, qualquer pessoa com acesso à chave pública dele pode verificar que a transação é genuína e não foi alterada.

Imutabilidade dos registros:

  • A criptografia garante que as transações registradas no blockchain não possam ser alteradas ou excluídas.
    • Cada bloco de transações contém um hash criptográfico que referencia o anterior, criando uma cadeia contínua. Alterar qualquer bloco exigiria a modificação de todos os subsequentes, o que é praticamente impossível.

Como o blockchain funciona?

  • O funcionamento do blockchain pode ser entendido como uma sequência de passos que garantem a segurança, transparência e imutabilidade das transações. O fluxo ocorre da seguinte forma:

Solicitação de transação:

  • O processo começa quando um usuário solicita uma transação usando uma carteira digital (wallet). Essa transação pode se tratar de diversas ações, desde uma transferência de moeda digital até a execução de um contrato inteligente.

Recebimento por um "nó" da rede:

  • A solicitação de transação é transmitida para um nó na rede peer-to-peer (P2P). Os nós são computadores conectados à rede blockchain que verificam e processam transações.

Verificação da transação:

  • O nó que recebe a transação verifica a validade da solicitação. Isso envolve checar se o usuário tem saldo suficiente na carteira e se a transação segue as regras do protocolo do blockchain.

Transmissão para a rede:

  • Após a verificação inicial, o nó transmite a transação para os demais nós na rede. Assim, ela entra em uma "fila" de transações pendentes, aguardando até ser agrupada em um bloco.

Agrupamento em um bloco:

  • "Nós" especiais na rede (os chamados "mineradores" ou "validadores") selecionam um conjunto de transações pendentes e as agrupam em um bloco, que contém um conjunto de transações e um hash (identificador criptográfico).

Validação e consenso:

  • Para que um bloco seja adicionado ao blockchain, ele deve ser validado por outros nós na rede. Isso é feito através de um processo chamado de consenso. com ele, os nós concordam que o bloco e suas transações são válidos.

Criação do hash:

  • Uma vez validado, o bloco recebe um hash que inclui uma referência criptográfica ao bloco anterior no blockchain. Isso liga o novo bloco ao anterior, formando uma cadeia contínua e segura.

Adição ao blockchain:

  • O bloco validado é então adicionado ao final do blockchain, tornando-se parte permanente do registro. A transação é agora oficial e registrada de forma imutável.

Atualização da Rede:

  • Após a adição do bloco, o registro do blockchain é atualizado em todos os nós da rede. Cada nó possui uma cópia do blockchain completo, garantindo que todas as transações sejam visíveis e verificáveis por todos.

Confirmação ao usuário:

  • Finalmente, a carteira do usuário é atualizada para refletir a nova transação e o usuário recebe uma confirmação de que a transação foi concluída com sucesso.

Quais são os benefícios da blockchain

A tecnologia blockchain oferece uma gama de benefícios que a tornam uma ferramenta valiosa para muitas indústrias. Aqui estão alguns dos principais:

Segurança

A blockchain é projetada para ser altamente segura devido a sua estrutura descentralizada e ao uso de criptografia. Cada bloco na cadeia contém um hash criptográfico exclusivo que se liga ao bloco anterior.

Isso torna praticamente impossível alterar qualquer informação sem alterar todos os blocos subsequentes, o que requereria o consenso da maioria da rede.

Além disso, a blockchain utiliza algoritmos de consenso para validar transações, garantindo que apenas as legítimas sejam adicionadas à cadeia.

Essa segurança avançada torna a blockchain ideal para armazenar dados sensíveis, como registros financeiros e informações pessoais.

Eficiência

Blockchain elimina a necessidade de intermediários em muitas transações, o que pode reduzir significativamente os tempos de processamento e os custos associados. Em vez de depender de várias partes para verificar transações, a rede faz isso automaticamente e em tempo real.

Isso é particularmente benéfico em setores como o financeiro, onde as transações podem ser concluídas mais rapidamente e com menos custos administrativos.

Além disso, a automação de processos por meio de contratos inteligentes elimina tarefas manuais e reduz o erro humano, melhorando ainda mais a eficiência.

Auditorias mais confiáveis e rápidas

A estrutura imutável e transparente da blockchain facilita o processo de auditoria. Como todas as transações são registradas cronologicamente e podem ser visualizadas por todos os participantes da rede, a verificação do histórico de transações é direta e rápida.

Isso não só acelera o processo de auditoria, mas também aumenta a confiança na precisão dos dados, já que todas as transações podem ser facilmente rastreadas até a sua origem. Essa transparência ajuda as empresas a cumprir regulamentações e a detectar fraudes mais rapidamente.

Qual é a diferença entre Bitcoin e blockchain?

Muitas vezes o conceito de blockchain é confundido com o Bitcoin, mas são coisas bem diferentes. Blockchains são uma classe de arquitetura de registro de dados com a estrutura de cadeia de blocos e o Bitcoin é uma moeda digital.

O que ocorre é que o primeiro uso prático do blockchain, foi o do Bitcoin. Então, a criação do blockchain, como conhecemos hoje, se dá junto com a criação do Bitcoin. O blockchain é o sistema de registro das transações de bitcoins, permitindo transações seguras de bitcoins entre partes que não se conhecem e não confiam entre si.

O bitcoin é o dinheiro e o blockchain é a infraestrutura do sistema financeiro conforme o qual esse dinheiro é transacionado.

Após o surgimento do Bitcoin, essa maneira de se criar um registro distribuído e descentralizado foi vista como útil para outros campos e o blockchain foi se tornando uma tecnologia autônoma do Bitcoin e sendo utilizado para vários outros fins.

O que é bitcoin?

O Bitcoin é uma alternativa ao sistema financeiro tradicional, que visa criar uma espécie de cédula de dinheiro no mundo digital, onde as pessoas podem trocar livremente, sem ter que confiar nos agentes intermediários toda vez que quiserem realizar uma transação.

Consenso e mineração no Bitcoin

Os mecanismos de consenso são desenvolvidos para permitir que sistemas distribuídos cheguem a um acordo a respeito da inserção de novos dados no registro, garantindo que quem insere o dado é um nó honesto e do estado final do registro.

Esses mecanismos devem ser tolerantes a falhas, isto é, devem permitir que a rede chegue a um consenso mesmo com nós fora do ar e com tentativas de ataques ao registro.

O mecanismo utilizado pelo Bitcoin é baseado em uma prova, que requer que os nós participem de uma “competição” e o nó que ganhar, organizará o próximo bloco e o inserirá no registro. Os nós participantes são chamados de mineradores.

A prova a ser feita pelos nós mineradores é a de empenho de força computacional a favor da rede, conhecida como prova de trabalho.

Prova de trabalho

É um mecanismo de consenso que se baseia na prova de que recursos computacionais foram gastos antes de propor um valor para aceitação pela rede. Esses recursos computacionais obviamente geram custos econômicos.

O conceito por trás da prova é que o nó minerador vai participar de um processo aleatório, no qual não há como saber quem será o próximo a escrever no registro.

Esses nós devem resolver um problema criptográfico que se assemelha a um cubo mágico; é difícil de resolver, mas muito fácil de identificar que foi feito da maneira correta.

Essa característica é chamada de assimétrica, já que é difícil para os mineradores, mas fácil para os demais nós que conferirão o trabalho do minerador vencedor.

Esse problema é resolvido na base da tentativa e erro, processo que gera o custo computacional e de energia elétrica.

E já que o minerador teve esse custo para conseguir estar apto a inserir o novo bloco no registro, a tendência é que ele queira que o seu bloco seja aceito para ganhar os seus bitcoins como recompensa.

Esse mecanismo é muito importante para a segurança da rede, já que gera o alinhamento de incentivos através da prova de trabalho. A rede vai sempre verificar o trabalho do minerador e é tudo baseado em prova criptográfica (fácil de verificar fraudes).

Desse modo, se o minerador vencedor propuser um bloco inválido (por exemplo, tentando gastar bitcoins que já foram gastos), esse bloco será rejeitado pelos demais nós e ele terá gastado força computacional e energia à toa.

Mineração

Mineração é justamente esse processo de tentar realizar a prova de trabalho, ou seja, participar da competição para ser o nó que inserirá o novo bloco no registro e que será remunerado por isso.

A mineração protege o sistema Bitcoin e permite o surgimento de um consenso em toda a rede sem uma autoridade central.

O Bitcoin utiliza um sistema de recompensas para motivar a participação de mineradores, além de manter a segurança e estabilidade da rede. Existem recompensas para a emissão de novos bitcoins e pelo pagamento de taxas de transação.

Isso é bastante vantajoso, já que mineradores emitem novos bitcoins a cada bloco minerado. Eles validam novas transações, as organizam em blocos, e o inserem no registro.

Um novo bloco, contendo transações que ocorreram desde o último bloco, é "minerado" a cada 10 minutos em média, adicionando assim essas transações ao blockchain.

Há transações que se tornam parte de um bloco e são adicionadas ao blockchain, sendo consideradas "confirmadas", pois asseguram que os bitcoins foram transacionados. A partir de então os novos proprietários do bitcoin podem gastar o que receberam nessas transações.

Os dois tipos de recompensas em troca da segurança fornecida pela mineração são as seguintes:

Novas moedas criadas a cada novo bloco;

Taxas de transação de todas as transações incluídas no bloco, pagas pelos usuários, ou seja, quem está utilizando a rede.

O processo é chamado de mineração porque a recompensa (nova geração de moedas) é projetada para simular retornos decrescentes, assim como a mineração de metais preciosos.

Outras blockchains além do bitcoin

Ethereum

O Ethereum é uma blockchain pública de propósito geral, que surgiu a partir da constatação de que a inovação trazida pelo Bitcoin poderia ser utilizada para vários outros fins além da criação de uma criptomoeda e um novo sistema financeiro.

Sendo assim, o Ethereum herdou algumas características do Bitcoin, ao mesmo tempo que expandiu as possibilidades de uma blockchain.

Diferentemente do Bitcoin que é uma blockchain de propósito específico (construir um sistema financeiro alternativo), o Ethereum é de propósito geral.

Isso significa que ele é uma infraestrutura na qual é possível construir diversas aplicações diferentes.

Contexto de surgimento e proposta de valor

O Bitcoin tem uma proposta clara de ser um sistema financeiro alternativo e construiu uma infraestrutura tecnológica, a blockchain, que permite funcionar de modo descentralizado, 24 horas, 7 dias por semana.

Contudo, esse propósito específico e claro traz algumas limitações propositais do que se pode construir em cima da infraestrutura, como limitações de programação, da estrutura de dados, etc.

Para a criação de aplicações que utilizassem o modelo blockchain, mas não fossem voltadas somente para o sistema financeiro, seria necessário um sistema diferente.

Em 2013, Vitalik Buterin, um entusiasta do Bitcoin e programador, começou a pensar em expandir as capacidades do Bitcoin e criar um sistema que pudesse ser usado para construir aplicações de qualquer finalidade.

Em dezembro daquele ano, Vitalik começou a compartilhar o projeto do Ethereum, uma blockchain de propósito geral.

Alguns outros desenvolvedores, como Gavin Wood, se juntaram a Vitalik e começaram a desenvolver essa blockchain que suportasse o desenvolvimento de uma grande variedade de aplicações.

A ideia é que o Ethereum fosse a infraestrutura para que pessoas desenvolvedoras construíssem suas aplicações sem ter que implantar uma nova blockchain.

Assim como Satoshi Nakamoto, criador do Bitcoin, Vitalik Buterin não inventou uma nova tecnologia completamente do zero, mas combinou algumas tecnologias existentes de uma maneira diferente.

Em Julho de 2015 o primeiro bloco do Ethereum foi minerado e hoje ele se tornou uma das blockchains mais importantes do ecossistema cripto.

O Ethereum possui um componente especial, uma máquina virtual chamada de EVM - Ethereum Virtual Machine, que executa algoritmos registrados no blockchain, chamados de smart contracts ou contratos inteligentes.

Essa capacidade do Ethereum de executar programas armazenados no blockchain na máquina virtual EVM faz com que o Ethereum seja uma Máquina Universal de Turing.

Isso significa dizer que é possível rodar qualquer algoritmo no sistema do Ethereum, como se fosse um computador. O Ethereum inovou ao combinar a computação de propósito geral com uma blockchain descentralizada.

Hyperledger Fabric

Hyperledger Fabric é uma plataforma de blockchain desenvolvida sob o guarda-chuva da Linux Foundation, especificamente projetada para uso corporativo.

Diferentemente das blockchains públicas como Bitcoin ou Ethereum, que são abertas a qualquer um que queira participar e validar transações, o Fabric é uma blockchain privada e permissionada, ideal para empresas que precisam de privacidade, segurança e desempenho em suas operações.

Características do Hyperledger Fabric

  1. Privacidade e Confidencialidade: o Hyperledger Fabric permite que as transações sejam privadas, ou seja, que apenas as partes envolvidas em uma transação específica podem ter conhecimento sobre ela.

Isso é alcançado por meio de canais privados que segmentam a rede de modo que apenas os membros autorizados possam interagir ou ter visibilidade sobre as transações.

  1. Modularidade: o Fabric é altamente modular, permitindo que as organizações configurem sua própria rede de blockchain para atender às suas necessidades específicas.

Os componentes principais, como consenso, gerenciamento de membros e serviços de segurança, são plugáveis, o que permite alta flexibilidade na configuração do sistema.

  1. Contratos Inteligentes (Chaincode): no Fabric, os contratos inteligentes são conhecidos como chaincode e podem ser escritos em linguagens de programação convencionais como Go, Java ou Node.js.

Isso reduz a barreira de entrada para quem desenvolve, já se familiarizou com essas linguagens e não quer aprender uma nova, como Solidity no Ethereum.

  1. Desempenho e Escalabilidade: diferentemente das blockchains que utilizam prova de trabalho, o Fabric emprega algoritmos de consenso que são mais adequados para ambientes empresariais, como a ordenação por Raft ou Kafka, que permitem um processamento de transações mais rápido e escalável.

  2. Controle de Acesso Detalhado: a plataforma permite um controle de acesso detalhado às informações. As políticas de acesso podem ser configuradas para cada usuário ou grupo de usuários, definindo exatamente o que cada participante pode ver ou fazer dentro da rede.

Contratos inteligentes

O conceito de contratos inteligentes ou smart contracts, foi introduzido pelo criptógrafo Nick Szabo nos anos 90. A ideia principal é a de automatizar transações e acordos entre partes por meio de algoritmos, eliminando a necessidade de intermediários.

Esses programas funcionam de forma automática, seguindo uma sequência lógica de instruções que é pré-definida e executada sem intervenção humana.

Os contratos inteligentes não devem ser confundidos com contratos jurídicos tradicionais ou com sistemas dotados de inteligência artificial. Eles são simplesmente códigos de programação que rodam na blockchain, garantindo que o mesmo resultado seja obtido sempre que executados.

Esses contratos podem ser utilizados para criar uma ampla variedade de aplicações descentralizadas (DApps), como jogos, colecionáveis digitais, sistemas de votação online e produtos financeiros.

Os contratos inteligentes permitem a execução automática das condições de um acordo entre partes, funcionando como uma garantia em transações digitais.

Por exemplo, ao pagar por um produto, o contrato inteligente assegura que você o receba assim que o pagamento for confirmado, eliminando a necessidade de plataformas ou terceiros para validar a transação. Isso reduz custos, diminui o tempo de processamento e minimiza o risco de erros e fraudes.

Hoje em dia, os contratos inteligentes são amplamente utilizados em transações financeiras, gestão de ativos, serviços digitais e processos comerciais. Eles possibilitam a compra, venda e transferência de propriedades digitais e físicas de maneira automatizada e confiável.

Embora tenham surgido no contexto da blockchain Ethereum, atualmente, a maioria das blockchains oferece suporte a contratos inteligentes, expandindo seu uso e aplicabilidade em diferentes setores.

Qual é a diferença entre um banco de dados e uma blockchain?

Embora ambos sirvam para armazenar informações, bancos de dados e blockchains operam de maneiras fundamentalmente diferentes e atendem a propósitos distintos. Bancos de dados tradicionais são centralizados e controlados por entidades ou administradores específicos que gerenciam o acesso e a integridade dos dados.

Eles são otimizados para operações rápidas e eficientes, com capacidades avançadas de consulta e manipulação de dados, facilitando o controle rigoroso sobre quem pode ver ou alterar informações.

Em contraste, uma blockchain funciona como um mural em uma praça pública onde qualquer um pode ler as informações, mas os usuários só podem adicionar informações em sua própria seção autorizada, garantindo que apenas eles possam modificar seus próprios dados.

Este mural digital não apenas registra dados de forma transparente, mas também permite que programas sejam executados para modificar ou interagir com esses dados de forma confiável e automática, como na votação de projetos ou transferências de criptomoedas.

Portanto, blockchains oferecem vantagens em termos de desintermediação e robustez, oferecendo suporte para a verificação independente de cada transação e para a redundância extrema, sem um ponto central de falha.

Por outro lado, os bancos de dados tradicionais mantêm vantagens em termos de desempenho, confidencialidade e capacidades complexas de gestão de dados.

Por que aprender blockchain

Aprender sobre blockchain é essencial para quem deseja se manter atualizado com as inovações tecnológicas que estão moldando o futuro.

A tecnologia blockchain não se limita apenas ao mundo das criptomoedas; ela está transformando diversos setores, desde finanças e saúde até logística e governança.

Compreender o funcionamento do blockchain oferece a capacidade de explorar novas oportunidades de negócios e inovação e para começar a aprender é importante desenvolver algumas habilidades e conhecimentos essenciais.

Primeiro, é fundamental entender os conceitos básicos de redes descentralizadas, criptografia e contratos inteligentes.

Isso inclui aprender sobre como o blockchain armazena dados de forma imutável e transparente, e como os nós da rede chegam a um consenso para validar transações.

Conhecimentos em programação também são valiosos, especialmente em linguagens como Solidity para o desenvolvimento de contratos inteligentes na Ethereum, ou Rust e C++ para outras blockchains.

Além disso, é muito importante entender como o uso do blockchain se dá em sistemas tradicionais. Dificilmente, você construirá um sistema completo em blockchain sem usar APIs, front-end e outros componentes do mundo do desenvolvimento de software tradicional.

Por isso, compreender como esses dois mundos trabalham juntos é essencial para sua evolução como pessoa desenvolvedora especializada em blockchain.

A capacidade de integrar contratos inteligentes com aplicativos front-end ou sistemas de back-end através de APIs é crucial para criar soluções que realmente atendam às necessidades dos usuários. Você também irá se deparar com novas ferramentas de desenvolvimento e frameworks específicos para blockchain, como blockchain explorers, wallets e ferramentas como Hardhat, que auxiliam no desenvolvimento e teste de contratos inteligentes

Conclusão

Neste artigo vimos que a blockchain é uma tecnologia que permite o armazenamento seguro e transparente de informações em uma rede descentralizada. Seu objetivo é garantir a integridade, segurança e imutabilidade dos dados sem a necessidade de intermediários.

Ela também possibilita transações seguras e rastreáveis em diversos setores, sendo utilizada, por exemplo, na economia, facilitando transações comerciais e rastreamento de ativos e no setor financeiro, potencializando a segurança e a eficiência das operações bancárias.

Também aprendemos que a criptografia é um dos pilares fundamentais da blockchain, assegurando que os dados sejam protegidos contra fraudes e acessos não-autorizados. Seu funcionamento se baseia na validação de transações por meio de algoritmos de consenso, como a prova de trabalho.

Caso tenha se empolgado com as novas possibilidades trazidas pela tecnologia blockchain, não deixe de aprofundar seus estudos nessa área agora mesmo.

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Ao optar por começar a conhecer mais sobre o tema, você está não apenas se posicionando à frente no mercado de tecnologia, mas também se preparando para participar ativamente da transformação digital que está revolucionando diversos setores.

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