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A colorização na pós-produção de vídeos

A colorização na pós-produção de vídeos
Mariana Chevrand Magalhães
Mariana Chevrand Magalhães

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Me interesso muito por edição de vídeos, já aprendi os princípios e ferramentas básicas e gravei as primeiras cenas de um curta-metragem sobre cachorros que estou desenvolvendo, agora vou começar a trabalhar no processo de colorização na pós-produção.

Minha equipe utilizou duas câmeras de marcas diferentes para capturar o vídeo e assim registrar dois ângulos diferentes dos nossos personagens em ação. A ideia era que na pós-produção, na hora de editar o curta, fizéssemos os cortes e juntássemos estas duas imagens, concebendo a cena desejada.

Quando subimos o material para a edição percebemos uma diferença sutil nas imagens das duas câmeras:

Na imagem da esquerda faltou contraste e as cores não estão representando muito bem o conceito de afeto de gostaria de trazer para esta cena. Ao realizar a captura com a outra câmera a imagem ficou esverdeada e precisava ser ajustada.

Fora a questão das imagens não estarem equalizadas para compor o curta-metragem, os vídeos registrados pediam um tratamento para tornarem-se imagens mais equilibradas em relação à luminosidade, contraste e outros aspectos visuais básicos.

Também gostaríamos de intensificar o conceito da narrativa através de cores que endossam mais o sentimento de afeto e proximidade num ambiente diurno que quisemos trazer para a cena. Como poderíamos fazer isso?

Tratando as imagens do curta-metragem

Para começar a tratar as imagens capturadas para o nosso curta-metragem, comecei com os ajustes técnicos, para equilibrar as duas imagens visando uniformidade no resultado final. Assim, ajustei os aspectos visuais que poderiam ser melhorados.

Comecei aplicando os ajustes de contraste para garantir um visual mais balanceado:

E então eliminei o tom esverdeado da outra imagem, além de equalizar com os tons da primeira captura:

Já é possível ver, nesta etapa, um resultado mais uniforme entre as duas.

Depois de executados os ajustes técnicos, parti para a colorização artística, que me dá a capacidade de transmitir a emoção do filme, representar o mood dos personagens, ajudar na percepção de clima e tempo, influenciar o entendimento do público sobre o conceito, entre outros.

Começamos testando um look azulado, mas achamos que trouxe um clima. muito melancólico e frio para a cena O azul não foi a melhor cor para transmitir o conceito que desejávamos.

Buscando uma imagem afetuosa, quente e diurna, testei a aplicação de um look alaranjado.

Tenho agora imagens uniformizadas, fluidas e que trazem todo o mood que eu e minha equipe gostaríamos de trazer para a cena do nosso curta-metragem.

É importante dizer que apesar das muitas teorias e psicologias da cor, que fazem muito sentido dependendo do contexto, a percepção das cores é cultural e pode variar de indivíduo para indivíduo, não havendo fórmula para alcançar um resultado desejado. Por isto, é um trabalho artístico delicado que deve ser muito bem concebido.

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O surgimento da colorização

Hoje falamos no termo com naturalidade e costume de colorização, mas, até o ano de 1895 nenhum vídeo havia sido assistido em cores. O primeiro surgiu a partir de uma criação de Thomas Edison (o inventor da lâmpada), e podia ser assistido em um aparelho chamado kinetoscópio, sendo um processo muito artesanal, lento e dispendioso, mas que revelava um novo mundo para a história dos filmes.

Passando pela colorização de três películas da Technicolor até o primeiro longa-metragem colorido que arrebatou as bilheterias dos cinemas da época, "…E o vento levou", de 1939, hoje temos inúmeras possibilidades de colorização que crescem cada vez mais com o avanço das tecnologias, e neste processo surgiu o colorista: profissional especializado em tratamento de cores na pós-produção de vídeos.

Poster do filme "…E o Vento Levou", Victor Fleming (1935) que diz em inglês: No novo esplendor da tela… A imagem mais magnífica de todos os tempos!”, se referindo às cores apresentadas.

Alguns diretores têm como marca registrada o uso de cores, como Wes Anderson. Em seus filmes cada personagem possui a sua própria paleta,geralmente em tons pastéis e suaves que acompanham o personagem nos cenários onde passa e em seu figurino durante toda a narrativa. Seus filmes são conhecidos pela harmonia de cores e suas paletas são sua assinatura artística.

Os Excêntricos Tenenbaums (2001), de Wes Anderson.

A liberdade de uso de cores é tão ampla nos dias de hoje que filmes recentes foram pós-editados em preto e branco, como "O Artista" (2011), de Michel Hazanavicius, e "Roma"(2018), de Pablo Berger. Por uma questão conceitual do roteiro os filmes foram mostrados ao público em escala de cinza, remetendo à tempos antigos, porém, com um balanço de tons impecável gerado pelas possibilidades tecnológicas.

Cena do filme "Roma" (2018), de Alfonso Cuarón.

E aí? O que achou desse artigo?

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Mariana Chevrand Magalhães
Mariana Chevrand Magalhães

Product Manager da Escola de Inovação & Gestão

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